A nação azul e branca do Boi Caprichoso está de luto. Na noite de domingo, 4 de maio de 2025, faleceu aos 94 anos Raimundo Notano de Jesus Dutra, conhecido carinhosamente como Raimundinho Dutra, um dos maiores compositores da história do Festival de Parintins. Com um legado poético que atravessou gerações, Raimundinho imortalizou sua sensibilidade em toadas que se tornaram hinos do boi da estrela na testa, deixando uma marca indelével na cultura amazonense. Em homenagem ao artista, o Boi Caprichoso decretou luto oficial de três dias.
Raimundinho Dutra foi muito mais que um compositor; foi um guardião da identidade cultural de Parintins. Suas toadas, como Aquarela do Touro Negro, Meu Cântico de Guerra, Mocidade e Solo Amado, capturaram a essência do Boi Caprichoso, traduzindo em versos o amor, a garra e a mística do boi azul. Essas canções, entoadas com fervor nas noites de Boi de Rua, foram fundamentais para consolidar o Caprichoso como símbolo de resistência e paixão nos primórdios do Festival de Parintins, quando a manifestação cultural ainda ganhava forma nas ruas da ilha tupinambarana.
Com uma escrita que mesclava lirismo e devoção, Raimundinho deu voz às emoções da comunidade azul e branca, transformando sentimentos coletivos em poesia. Suas composições não apenas embalaram as apresentações do boi, mas também ajudaram a preservar a cultura popular amazonense, conectando gerações de torcedores e artistas. “Raimundinho era um poeta do povo, alguém que entendia a alma de Parintins e a colocava em cada verso”, afirmou um torcedor nas redes sociais, ecoando o sentimento de milhares de azulados.
A contribuição de Raimundinho Dutra para o Festival de Parintins é imensurável. Suas toadas, cantadas até hoje com entusiasmo pela nação caprichosista, são parte essencial da história do boi que, ao longo de décadas, evoluiu de uma brincadeira de rua para um dos maiores espetáculos culturais do Brasil. As letras de Raimundinho, carregadas de simbolismo e amor pelo Caprichoso, continuam a inspirar novos compositores e a emocionar o público que lota o Bumbódromo e as ruas de Parintins. Além de seu impacto artístico, Raimundinho foi uma figura querida na comunidade, admirado por sua humildade e dedicação. Sua obra permanece como um testemunho do poder da cultura popular em unir pessoas e preservar tradições, mesmo em um mundo em constante transformação.