A segunda temporada de The Last of Us chega ao fim com uma promessa: a de que a próxima fase da história será contada por outra perspectiva — e talvez, sob outro peso. Mas antes de virar essa chave, o episódio final entrega o desfecho da jornada solitária de Ellie em Seattle, consumida pela ideia de vingança e completamente alheia ao que ainda tem a perder.
O episódio abandona qualquer preparação lenta. Não há introdução, flashbacks ou respiro. A série nos joga direto na ação — e, por isso, até parece que The Last of Us está apenas começando. Mas a verdade é que estamos no fim, e o impacto prometido não veio com a força que deveria.
Ellie (Bella Ramsey) passa boa parte do episódio isolada, física e emocionalmente. Desde a despedida emocional com Joel no episódio anterior, ela parece caminhar no automático. E mesmo com boas atuações, especialmente de Young Mazino como Jesse, é impossível ignorar a tentativa fracassada do roteiro de tornar a morte do personagem algo significativo. Faltou construção, faltou conexão, e o resultado é um momento que deveria doer — mas simplesmente… não dói.

O conflito entre Ellie e Jesse, que poderia ter se tornado um dos pontos altos da temporada, é apressado e mal fundamentado. O roteiro insinua tensões e divergências ideológicas, mas não as desenvolve. No fim, a morte de Jesse parece mais um dispositivo narrativo para avançar Ellie ainda mais rumo à escuridão do que uma perda real para o espectador. A série tentou preparar o terreno, mas falhou em nos fazer sentir.
Enquanto isso, Dina (Isabela Merced) fica em segundo plano — não por falta de importância, mas porque a própria Ellie já está distante demais para enxergá-la. É simbólico (e doloroso) ver Ellie retornar para casa após matar uma mulher grávida, apenas para reencontrar uma Dina que carrega, literalmente, o futuro. Mas mesmo diante disso, ela continua avançando como se a dor fosse o único caminho possível.

E então, finalmente, Abby (Kaitlyn Dever) retorna. A série guardou para os minutos finais seu momento mais impactante — e mais promissor. Depois de toda uma temporada em que Abby foi tratada como uma sombra, uma lenda urbana de violência e dor, agora sabemos: a próxima temporada será dela. E isso, sim, é interessante.
The Last of Us sempre foi sobre a ambiguidade moral e os ciclos de violência. Mas neste final, essas ideias aparecem sem o peso necessário. É um episódio que tenta ser grandioso, mas parece vazio. O caminho para a temporada 3 está traçado — e a esperança é que, com Abby no centro, a série reencontre a densidade emocional que tanto caracterizou sua primeira fase.