Se o episódio anterior já havia nos alertado para a tempestade emocional que se aproximava, o sexto capítulo da segunda temporada de The Last of Us chega como um furacão. Intenso, delicado e devastador, ele entrega exatamente o que a série prometeu desde o início: não pouparia ninguém da dor — muito menos Ellie.
Depois de semanas à margem da narrativa, Joel (Pedro Pascal) retorna para um episódio quase inteiramente centrado nele, mas sem jamais tirar o foco da ferida aberta que existe entre ele e Ellie (Bella Ramsey). É aqui que a série dá corpo aos cinco anos que se passaram desde o final da primeira temporada, revelando o acúmulo de silêncios, mentiras e tentativas frustradas de reconciliação.

O episódio abre com um jovem Joel vulnerável, incapaz de entender por que pais machucam seus filhos — e termina com ele aceitando que, como seu próprio pai, também falhou. O roteiro de The Last of Us não traz revelações inéditas, mas dramatiza com força visceral o que já intuíamos: a mentira que salvou Ellie também a afastou para sempre de Joel.
A interação entre Pascal e Ramsey nunca foi tão poderosa. Com a presença dele, Ramsey encontra novas camadas em Ellie — a raiva contida, a tristeza irredutível, o amor não dito. A série nos oferece a ilusão de que ainda há tempo, que Ellie pode perdoar Joel, que as feridas podem se curar. Mas The Last of Us não faz promessas fáceis, e quando a realidade da perda finalmente chega, ela o faz com brutalidade.
O episódio ainda revela momentos íntimos e dolorosos entre Joel e outros personagens, como Eugene, mostrando que mesmo quando tenta fazer o certo, Joel é, acima de tudo, um homem tomado pelo medo. Ele erra, mente, tenta proteger e fere — e ainda assim, continuamos torcendo por ele. Porque ele é humano. Complexo, falho, profundo. E porque, como Ellie, também fomos privados da chance de vê-lo tentar de novo.

O episódio 6 também aponta para o futuro: agora, a dor de Ellie tem um novo alvo. Abby se torna a personificação do que Ellie acredita ser justo retaliar. Mas será mesmo? A série lança essa pergunta no ar enquanto seguimos rumo ao episódio final da temporada, com a certeza de que Ellie também pode estar prestes a repetir os mesmos erros de Joel.
Mais do que um episódio de flashback, este capítulo é um lamento. Um grito abafado por tudo que não foi dito, por tudo que nunca será perdoado. A temporada 2 de The Last of Us caminha para o fim mais cedo do que gostaríamos — e este episódio nos lembra exatamente do que estaremos perdendo.