Acredito que Admirável Mundo Novo seja uma ótima ideia do diretor Julius Onah e dos roteiristas dentro de um filme alocado no aprisionamento da cartilha da Disney/Marvel. Uma onírica aposta de uma sátira ao governo estadunidense dentro desse universo de heróis. Harrison Ford parece estar se divertindo nesse papel canastrão criando uma persona risória em muitos momentos. O gênero ação dentro desse suspense mais cadenciado de conspirações e espionagem quebra o filme ao meio quando entram em cena, pra lá de mau filmadas e sem inspirações, são stunts mau coreografados que sinceramente não fariam falta nesse filme se tirassem, e com certeza todas devem estar no trailer, em sequência.
Não consigo enxergar nem de longe esse mal filme que eu vi ser tão reverberado. E isso não é um descrédito a opinião de terceiros. Mas sim a maneira e como são opniões lavadas, alienadas e copiosamente preguiçosas de um público que vai assistir ao filme querendo e procurando coisas ruins em filmes, que mais me parece um desgosto terrível pela sétima arte e mais a correria de como dar opniões que o próximo irá validar. Uma grande amálgama de inverdades sobre um filme interessante que é esse novo do capitão América.
Um aspecto que me fez ficar bastante ativo no filme foi a trilha sonora da Laura Karpman, que já fez outros trabalhos dentro da Marvel e está no indicado ao Oscar ”The Only girl in the Orchestra” sabendo conciliar muito bem o tom em momentos específicos. E já nesse núcleo de trilha sonora, também destaco uma musica em especifico de The Fletwood, ”Mr. Blue” que se torna um dispositivo enigmático contribuindo ainda mais para a trama de suspense politico que vai se montando em todo o primeiro terço do filme, reforçando o dialogo de visão politica que ao meu ver é muito bem estabelecida pelos idealizadores, mas que nas tantas refilmagens, foi totalmente perdido.
Um filme curioso em tempos polarizados políticos e sociais criando uma intersecção entre todos os elementos que tem em mãos fazendo comentários raciais vindos da série do Falcão, que aqui não precisa ser novamente introduzida. Vai criando aberturas e entrelinhas expostas da sátira buscando a compreensão validadora do estúdio fazendo com que o resultado final perca essa força. Mas mesmo assim consigo enxergar dentro do filme tudo o discurso, que deveria ser muito bem representado em seus primeiros testes de exibição. E sem dificuldade alguma, muito pelo contrario acho que está bem mais explicitado do que parece.
Admirável Mundo Novo pode sim ser uma falha reestruturação de Soldado Invernal, para muitos um dos melhores da Marvel. Não sigo nessa afirmação pois assisti apenas na época de lançamento no cinema e lembro pouquíssimo do mesmo. Mas se todo filme dentro da Marvel ou do estúdio Disney for uma emulação de cartas marcadas usadas para validar seu desgosto por alguma produção, transparece a ‘vitória’ da produtora multimídia usando o publico como massa de manobra e meios para bilheterias exorbitantes como se isso ditasse qualidade de filmes. Você é só mais um caçando coisas ruins nos filmes e endossando o debate mais esvaziados dos últimos anos dentro de quaisquer que sejam os filmes lançados pelo estúdio.
Estou escrevendo depois de uma boa noite de sono e cenas como as do Isaiah, a tentativa cênica de criar uma ruptura de ambiente com as cerejeiras, a destruição delas e como ela, também se torna um dispositivo narrativo do teor politico bem colocado e usado tão bem quanto. Esses detalhes, essas pequenas inspirações criam estofo, criam historia dentro desse filme e da produção como um todo. Sem contar a dinâmica entre Ross e o vilão, reforçando a sátira de que nem as maldades são feitas por ele, são por um terceiro que criou -sem que o mesmo soubesse- um monstro que vai quebrar a casa branca e sua imagem (o que mais lhe importa) sendo mais um showman validador do que qualquer outra coisa. eu não duvido nada que no corte inicial devia ter uma cena de Harrison Ford com um tiro de raspão na orelha.