Não há uma idade certa para começar a usar um vibrador, porém, a sexóloga e membro da equipe de ginecologia e obstetrícia da rede Mater Dei de Saúde Adriana Ribeiro da Silva afirma que é importante que essa procura aconteça naturalmente e de forma individual, sem ter a influência de outras pessoas ou grupos.
— Com 12 anos, a adolescente acabou de sair da infância, possivelmente menstruou pela primeira vez, mas a sua maturação cerebral não está totalmente formada. Quanto mais precoce ela estimular a região e buscar as sensações de prazer com o vibrador, mais o cérebro será modulado a entender que só com o estímulo intenso e rápido ela alcançará o orgasmo, por exemplo. E quando ela realmente tiver uma relação sexual, ela vai perceber que o estímulo com a parceria é completamente diferente daquele recebido com o objeto sexual — afirma Ribeiro.
Segundo a especialista, é importante que o adolescente, de forma geral, tenha acesso a uma educação sexual por mais tempo para se entender e ter essa vontade de autodescoberta, caso contrário, pode pular etapas importantes na vida e aprendizado sexual.
— Uma alusão são os áudios de Whatsapp. Hoje, se escutarmos um áudio na velocidade normal nos dá angústia, porque nosso cérebro foi modulado para termos respostas mais rápidas. O mesmo acontece com o uso do vibrador em idade precoce. A adolescente precisa saber como ela gosta de ser tocada, o que desperta o seu desejo e o seu prazer, precisa ter autoconhecimento corporal para inclusive entender o que é um abuso e conseguir se proteger disso. Todo adolescente é curioso e todos vão sanar suas dúvidas através de literatura, por vídeos ou terceiros, mas essa busca precisa ser uma busca pessoal e individual, no tempo dela e não imposta por outra pessoa — diz a sexóloga.
Segundo o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) os adolescentes são considerados pessoas que tenham entre 12 e 18 anos de idade. Ribeiro afirma que outro fato preocupante no uso precoce de acessórios sexuais é a hipersexualização de crianças e adolescentes, visto que eles são inseridos nesse universo sem um preparo e maturidade adequadas.
— Um início precoce da atividade sexual aumenta a chance de ter arrependimentos, distúrbio de ansiedade e depressão, além de gravidez na adolescência e IST´s — diz.
Segundo Ribeiro, as mulheres que usam vibradores hoje, são em sua maioria jovens adultas acima dos 20 anos que usam de modo seguro, já sabendo para o que querem e como pode ter impactos positivos na masturbação, saúde física e mental.
Pesquisadores do Cedar-Sinai Medical Center, nos Estados Unidos, revisaram 21 estudos sobre o assunto recentemente e descobriram que usar vibrador durante a masturbação reduz o tempo que uma mulher leva para atingir o orgasmo e ajuda a alcançar orgasmos múltiplos, o que contribui para a redução do estresse e melhora na saúde sexual geral.
Diante disso, os pesquisadores concluem que os vibradores podem e devem ser considerados dispositivos terapêuticos, não apenas brinquedos sexuais. Eles sugerem que é hora de especialistas em medicina pélvica feminina, cirurgia reconstrutiva e até mesmo médicos em geral começarem a prescrever vibradores para suas pacientes adultas.