UpdateManauara sua revista digital.

  • Home
  • /
  • Cinema
  • /
  • Sons Invisíveis e o medo do olhar contemporâneo – Ataques Psicotrônicos (2024) Review

Sons Invisíveis e o medo do olhar contemporâneo – Ataques Psicotrônicos (2024) Review

Tô com a Tati Regis forte nessa, de como a experimentação de Calebe Lopes, aqui mais formalizada pela já experiente visão do fazer filme e pensar aquele universo da maneira mais vivida possível é de brilhar os olhos. Eu nesse exato instante me encontro naquele frenesi de ter assistido algo que levou você a lugares extrafilmicas sejam de debates (que eu mesmo já tivera com o diretor), sejam das referencias tecidas pelo diário do seu Letterboxd me fazendo lembrar de quando o mesmo reassistiu Scanners do Cronenberg e fiquei pensando com meus botões se teria algo a ver com ataques, e não é que tinha mesmo. 

É a maior vontade do mundo de contar essa história a partir daquelas vivências sem que as convenções narrativas sejam alocadas como um agente introdutório. O filme começa com uma cena brilhante que me arrancou um sorriso de ponta a ponta pensando o quanto o diretor se divertiu idealizando e realizando tal cena, que consegue elucidar toda sua problemática na superfície, e daí sim vai meio que desarmando os personagens em um jogo psicológico inigualável de duas figuras que são consideras boas no que fazem, deixando a compreensão pelo heterogêneo de lado, e quando falo isso não é ligado a pluralidade, é mais uma maneira que encontrei de definir o que um e outro defende.

É quase um “ciência vs religião” a partir do onírico, que vai brincando no tete a tete de duas pessoas completamente diferentes, interligadas pela fantasia que os permeia naquele microcosmo. Fantasia essa usada na lírica fazendo nossa mente viajar mundo a fora não só tecendo referências, mas sim dessa autoindulgência humanista, os fragalhos da sociedade como indivíduo, que busca na sua vivência a respostas do problema do outro. Porque simplesmente não entender a pessoa para , aí sim atestar, mesmo que clinicamente o próximo? E mesmo com todos os aparatos irreparáveis dessa busca pela tal resposta, damos de encontro com esse lado da verdade absoluta, gerando mais medo e afastamento social, que satisfação e até mesmo a sensação de completude do ser. De saber mais, de entender e ressignificar signos mesmo que esbarrem em nossos obstáculos mentais e sociais.

A um dia atrás assisti Peixe Vermelho (2009) da Andréia Vigo que ficou famoso agora por ter a aparição de um diretor (que me surpreendeu bastante). O curta também gostei mas a interligação que fiz enquanto assistia ataques, era essa brincadeira na decupagem e montagem, as tornando uma só que faz com que a produção seja extremamente fluida, na sua mixagem de som. Assisti em um release 4k lindíssimo com um fone da Havit ( a quem for conhecedor, a versão HV-H2002d) que acredito ter algo ligado ao Hi-Hes, visto que transmite bem quando assisto algo em 5.1. Aqui fazendo uma diferença absurda, que se eu estivesse o assistido em algum alto-falante externo (se eu tivesse soundbar seriam outros five hundred) não seria a mesma coisa. Falo isso pois é ali que mora o horror dentro de ataques, no escutar e não ver, no sentimento inquietante de olhos te observando e vozes que você não consegue materializar. São alexas, cortanas e Siris.

Sou um aficionado em BBB (esse ano morreu o programa de vez. O 25, caso esteja lendo em outro tempo), esse ano vi umas retrospectivas de outros anos do reality e me peguei pensando que antes era um medo real das pessoas serem observadas pelos olhos do grande irmão e o quanto isso era uma novidade. Hoje em dia se torna o medo menos palpável dessa ideia do Big Brother, e tampouco é o chamariz do programa, que antes quando ia pros comerciais tinha um lance de guitarra e um barulho de estalo imitando o som de um olho piscando e o quanto isso era importante pra aquilo acontecer. Como estamos acostumados a sermos observados, não?! Como isso virou basicamente o que nos une como sociedade, acompanhar diariamente pessoas se expondo na internet e (uma) das muitas maneiras de se viver no meio da comunicação.

Sabe as expressões “tesudo” e outos “zudos” nessas gírias que inventamos para tirar o lugar comum da linguagem formal. Ataques Psicotrônicos eu terminei o filme e pensei “amei ataques psicotrudos”, e por assim vou me referir a ele quase com um vulgo, de um cineasta que quero muito assistir um longa.

Edit Template

Press ESC to close

Cottage out enabled was entered greatly prevent message.