A Polícia Federal (PF) encontrou no celular do tenente-coronel Helio Ferreira Lima uma planilha que revela detalhes com “informações acerca de um planejamento estratégico do Golpe de Estado” no Brasil. O militar do Exército Brasileiro (EB) foi preso preventivamente nesta terça-feira, 19, durante uma operação policial ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com a PF, o documento encontrado em um aparelho eletrônico apreendido com Hélio Ferreira Lima no âmbito da Operação Tempus Veritatis “trata-se de uma planilha com mais de duzentas linhas de preenchimento”. A peça, diz a investigação, aborda “fatores estratégicos de planejamento, quais sejam: fisiográfico, psicossocial, político, militar, econômico e produção”.
A decisão que embasou a prisão preventiva de pessoas ligadas à Jair Bolsonaro (PL) sustenta que trechos do documento indicam “planejamento de ruptura institucional em razão, possivelmente, do resultado das eleições presidenciais de 2022”. A planilha também cita o STF como um “fator gerador de instabilidade” no País.
“Foi mencionada diversas vezes a necessidade de neutralização da capacidade de atuação do órgão, sendo dirigida atenção específica para a neutralização da capacidade de atuação do ministro Alexandre de Moraes”, diz um trecho do relatório produzido pela PF, que menciona “robusto detalhamento das etapas de planejamento de ruptura institucional”.
A autoridade policial pediu a prisão preventiva de Hélio Ferreira Lima “considerando o seu perfil e gravidade das condutas praticadas”. Para a investigação, o militar em liberdade “pode colocar em risco a ordem pública e a efetiva coleta de provas em face de outros envolvidos na ação descortinada pelas apurações”.
O pedido de prisão do militar ex-CMA foi sustentado pelos materiais encontrados no celular dele apreendidos em fevereiro deste ano. As diligências forma realizadas por policiais nesta terça-feira, 19, em Manaus. A PF também cumpriu mandados de busca e apreensão no Amazonas, Rio de Janeiro, Goiás e Distrito Federal.
Monitoramento ilegal
A decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes revelou que uma “cronologia as atividades identificadas”. A investigação policial sugere que os levantamentos iniciais em “‘pontos de interesse’, relacionados” ao ministro do STF Alexandre de Moraes” pode “ter contado com levantamentos realizados por Hélio Ferreira Lima e Rafael Martins de Oliveira”.
O magistrado era alvo um dos alvos do plano que previa a execução dele “com uso de artefato explosivo ou por envenenamento ou por envenenamento em evento oficial público”.
“[O investigado] possui indícios de que teria participado, de atividades relacionadas ao monitoramento para prisão/execução do ministro Alexandre de Moraes no mês de novembro de 2022”, diz a decisão.
Alvo de operação
O tenente-coronel Helio Ferreira Lima foi alvo de busca e a apreensão em 8 de fevereiro deste ano no âmbito da Operação Tempus Veritatis. Na ação policial, Moraes determinou mandados de busca e apreensão. Na ocasião, as investigações já citavam o militar como integrante do núcleo de desinformação e ataques ao sistema eleitoral, responsável pela produção, divulgação e amplificação de notícias falsas relacionadas às eleições de 2022.
O militar do Exército Brasileiro foi exonerado do cargo após aquela operação policial. A exoneração de Hélio Ferreira Lima foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) da edição de quarta-feira, 14. O tenente-coronel comandou a 3ª Companhia de Forças Especiais de Manaus entre dezembro de 2023 e fevereiro de 2024, tendo remuneração bruta em novembro daquele ano no valor de R$ 27 mil, conforme dados do Portal da Transparência.
Fonte: Cenarium