Manaus – Após quatro meses de queda contínua, o rio Negro em Manaus voltou a subir, registrando uma elevação de dois centímetros entre o domingo (13) e esta segunda-feira (14), atingindo a marca de 12,13 metros. Apesar de ser um sinal positivo em meio à maior seca já registrada no Amazonas, especialistas alertam que esse aumento não significa o fim da estiagem.
De acordo com dados do Painel do Clima Amazonas, a última vez que o rio havia subido foi em 16 de junho, quando sua cota atingiu 26,85 metros, marcando o auge do período de cheia. A partir de 23 de junho, o rio começou a baixar, permanecendo em queda durante 109 dias consecutivos, até o recente repique.
José Alberto Lima de Carvalho, geógrafo e doutor em Ordenamento Territorial e Ambiental, explicou que o fenômeno registrado é conhecido como “repiquete” – uma oscilação comum nesta época do ano, quando o rio para de baixar temporariamente, sobe um pouco e, em seguida, retoma o processo de vazante até que o ciclo de estiagem termine de fato.
“É um repique do nível das águas, algo que normalmente ocorre em novembro, mas neste ano aconteceu um pouco antes”, explicou Carvalho. Ele também ressaltou que o fenômeno não deve ser interpretado como o fim da seca, mas como uma fase intermediária do processo natural de oscilação do rio.
A bacia amazônica, a maior do mundo em termos de drenagem, tem um regime hidrológico variado devido à sua vasta extensão geográfica. Isso significa que, enquanto algumas áreas estão secando, outras podem estar enchendo. Esse desequilíbrio contribui para a ocorrência de repiquetes, que podem ser observados em várias partes da região.
São Gabriel da Cachoeira, o primeiro município brasileiro a ser atingido pelas águas do rio Negro, está atualmente passando pelo fenômeno. Dados recentes indicam que o nível do rio no município chegou a 6,58 metros em 24 de setembro, e, após uma pequena elevação em outubro, voltou a registrar quedas, chegando a 6,7 metros no dia 10 de outubro.
O cenário, segundo especialistas, indica que o ciclo da cheia ainda não começou, e a população do Amazonas deve permanecer em alerta para o prolongamento da seca nos próximos dias.