A Polícia Federal (PF), responsável pela investigação do trágico acidente aéreo que tirou a vida de 62 pessoas em Vinhedo, São Paulo, na última sexta-feira (9/8), está aguardando os laudos do Instituto Nacional de Criminalística (INC) e da Força Aérea Brasileira (FAB) para determinar a causa do desastre e possíveis responsáveis.
Fontes ligadas à investigação afirmam que ainda é cedo para identificar suspeitos, mas consideram a possibilidade de crime culposo, por negligência ou imprudência, e até de crime doloso com dolo eventual, quando o risco de causar o acidente é assumido, mesmo sem intenção direta.
A PF vai examinar se a manutenção da aeronave ATR 72 da VoePass, prefixo PS-VPB, estava em dia e se todos os equipamentos essenciais ao voo estavam operando corretamente. Relatos de ex-funcionários apontam para problemas nas aeronaves da empresa, incluindo o uso de um palito de fósforo para consertar um botão do sistema antigelo. Falhas nesse sistema estão entre as principais suspeitas para a queda do avião, que despencou quase 4 mil metros em um minuto, girando em um movimento conhecido como “parafuso chato”. Condições climáticas indicavam formação de gelo na altitude em que o avião voava.
A conduta do piloto também está sob escrutínio, com base nas conversas gravadas pelas caixas-pretas do avião, que estão sendo analisadas pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). O áudio capturado inclui menções do copiloto sobre “dar potência” à aeronave momentos antes da queda, além de gritos dos passageiros.
O mesmo avião já havia sofrido um “dano estrutural” em sua cauda durante uma aterrissagem em Salvador (BA) em março deste ano, o que o deixou fora de operação por quatro meses, retornando ao serviço apenas em julho, um mês antes do acidente.
O relatório preliminar do Cenipa sobre as causas do acidente deve ser finalizado em até 30 dias. O órgão já completou a primeira etapa da investigação técnica, coletando informações no local do acidente. Segundo o brigadeiro do ar Marcelo Moreno, as caixas-pretas da aeronave forneceram dados essenciais, captando diálogos entre a tripulação e a torre de controle.
Em até 90 dias, o Instituto Nacional de Criminalística (INC) deverá apresentar um laudo detalhado do local da queda, utilizando escaneamento 3D para reconstruir a condição da aeronave antes da remoção dos escombros. Um segundo laudo, previsto para ser concluído em até um ano, incluirá uma análise completa das condições da aeronave, fatores humanos, perfil dos envolvidos, cronologia do acidente e dados meteorológicos.