Os ritos começaram ainda na segunda-feira, logo após a morte do Pontífice. A primeira etapa prevista no Ordo Exsequiarum Romani Pontificis, guia cerimonial dos rituais, de constatação da morte (Constatazione della morte), ocorreu nas dependências da capela da Casa Santa Marta, onde o Papa residia. O corpo foi vestido com uma casula vermelha e mitra branca, segurando um rosário nas mãos, e depositado em um único caixão de madeira e zinco.
Francisco permanecerá na capela da Casa Santa Marta até a quarta-feira, às 09h (04h de Brasília), quando o caixão do Pontífice será trasladado fechado, em procissão para a Basílica de São Pedro (Traslazione della salma del Sommo Pontefice nella Basilica Vaticana). De acordo com informações divulgadas pelo Vaticano, o trajeto percorrerá a Praça Santa Marta, Praça dos Protomártires Romanos e Arco dos Sinos, até chegar à Praça de São Pedro. O caixão do pontífice entrará na Basílica do Vaticano pela porta central.
Quem preside o rito é o cardeal camerlengo, Kevin Joseph Farrell, que primeiro borrifará água benta no Papa morto com um esperge e, em seguida, iniciará a procissão. Durante o caminho, serão recitados diversos salmos e cânticos.
O Pontífice será levado para o interior da Basílica de São Pedro, e no trajeto será declamada a Ladainha de todos os santos com o canto gregoriano em latim. O corpo será colocado em frente ao altar de confissão. O camerlengo irá aspergir água benta mais uma vez no corpo e o incensará na sequência, enquanto todos os presentes cantarão o Responsório “Subvenite Sancti Dei”. O traslado é concluído.
O caixão permanecerá sem a tampa até a noite anterior do funeral para que os fiéis possam se aproximar do Pontífice e fazer suas orações. Foi abandonada a prática de colocar o corpo sobre um catafalco, plataforma elevada e decorada. Nem a férula papal, que é o bastão do Papa, será colocada ao lado do caixão. A cerimônia seguirá, e o Mestre das Celebrações Litúrgicas dos Pontífices, Diego Ravelli, lerá o rogito, uma ata em latim que relata os principais atos da vida de Francisco. Em seguida, será estendido um véu de seda branca sobre o rosto do Papa que será aspergido com água benta pela terceira vez.
No caixão, serão colocados um saco com as medalhas cunhadas durante o pontificado e um tubo com o rogito. A Basílica de São Pedro ficará aberta para a visitação pública até o sábado, período em que serão realizadas orações e celebrações litúrgicas durante a passagem dos fiéis.
No sábado, será celebrada a Missa das Exéquias, uma missa de corpo presente na Praça de São Pedro. O ato litúrgico será presidido pelo cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio de Cardeais, e concelebrada por patriarcas, cardeais, arcebispos, bispos e padres de todo o mundo. O momento marca o primeiro dia do Novendiali (novenário), os nove dias de luto e orações em honra ao Pontífice falecido.
Durante a celebração religiosa, estarão presentes na praça os integrantes das igrejas, os chefes de Estado, as delegações de governos e os fiéis. Não ocorrerá o rito de fechamento do caixão no interior da Basílica, feito quando o caixão de exposição em madeira cipreste era envolto pelo de chumbo e pelo de carvalho — esse rito foi suprimido. O caixão fechado do Papa será transportado por 12 carregadores e sairá da Basílica pelo portão central.
O caixão será depositado na frente da escadaria da Basílica sobre um tapete — ali, esperam-se mais de 300 mil fiéis na Praça de São Pedro. Sobre o ataúde será posto um evangelho aberto. A missa de exéquias se iniciará e tem-se a súplica da Igreja de Roma, presidida pelo cardeal vigário, e a súplica das Igrejas Orientais, presidida por um Patriarca Oriental, último rito de encomendação e despedida do Papa.
Ao terminar da missa, se iniciará a terceira estação, composta por dois momentos: Procissão ou Traslado ao local da sepultura (Processione) e Sepultamento (Tumulazione della salma del Sommo Pontefice defunto). Ao contrário da maioria dos Papas que foram sepultados sob a Basílica de São Pedro, nas criptas, o Papa Francisco pediu para ser levado para a Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, para ser enterrado. A Santa Maria Maggiore é a primeira igreja no Ocidente dedicada à devoção da Virgem Maria. Francisco visitava essa igreja com frequência quando era cardeal. Depois, como Papa, rezava na Basílica antes e depois de qualquer viagem internacional.
Na Basílica de Santa Maria Maggiore, o cardeal camerlengo presidirá o rito de inumação que consiste na colocação do Papa Francisco em sua sepultura. Foi eliminada a deposição e o fechamento do caixão. Os presentes cantarão o Salve Regina (oração da Salve Rainha cantada em latim) e o Pontífice será sepultado. O túmulo permanece em local acessível ao público para visitas e orações.
A pedido de Francisco, que simplificou as honras fúnebres, seu túmulo terá uma única inscrição: “Franciscus”, seu nome papal em latim.