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Narrativas postas em crise em prol de vazio estético como identidade visual / Nosferatu (2024) Review

Minha experiência com esse remake de Nosferatu foi um tanto quanto curiosa, um emaranhado de emoções que iam e viam, mas parecia nunca ser tão esclarecedor se eu estava ou não gostando do que estava assistindo, e dado momento em que o seguimento do barco e as várias vítimas daquela sequência são mostradas finalmente algo saltou o marasmo por mais que apuradíssimo de uma beleza esterilizada, sofrendo demais em como concretizar suas ideias sem que se escore nas suas obras anteriores do personagem.

E depois dessa primeira metade do filme , que é basicamente um cópia e cola mais para o filme de Herzog de 1979 do que propriamente do de 1922, vemos uma outra roupagem dando vez a um cinismo indo de encontro ao como de maneira cadenciada vai pondo as ideias e debates cíclicos voltados ao patriarcado, ao olhar masculino e submissão só que de uma maneira mais frontal deixando aqui suas bases transbordarem, para além das obras originais do vampiro, como também O Exorcista para tatear esse profano pra si, esse horror corpóreo (não corporal) da fisicalidade como a maneira de tratar o horror a partir da inquietude.

Por mais que contraposições em crise sejam pontuais e evidentemente compostas por sequências todas cheias de energia, faz com que se torne dissonante quando o resto da trama não acompanha a mesma intensidade. É como se fossem imagens e mais imagens morrendo a cada segundo em prol da narrativa que horas não vai necessariamente comunicar algo que você está assistindo. São justaposições muito abruptas, mesmo que tenhamos tempos de ver essas imagens, são incomunicáveis, perdendo potência a cada take em que cenas são descartadas.

Em contraponto, reitero o quanto amo quando ele usa o corpo para alimentar essa trama da submissão, com uma Lily Rose Depp estupenda em seu papel que entende não só seu lugar argumentativo de que tipo de atuação ela está, mas de como dar fluidez a decadência psicológica da sua personagem fazendo com que ela seja os olhos, a alma e o coração dessa trama. Um filme de possessão bem interessante quando pensamos nas inúmeras abordagens que esse mesmo personagem já tivera.

Os planos aqui são usados das piores maneiras possíveis visto que Eggers está incessantemente tentando evocar e acenar as obras anteriores do personagem só que nessa escuridão e mistério desinteressante quanto a imagem da criatura. E o mais frustrante nisso tudo é que nada sai disso ficando apenas pedante e quase infantil essa narrativa que vezes quebra o filme pra tentar de alguma maneira criar esse personagem sem mostra-lo. Uma escolha um tanto quanto errônea visto que nada se é usufruído a partir desse suspense em torno da imagem da criatura.

Nosferatu do Eggers são como imagens desbalanceadas por uma vontade meio egocêntrica de passar a sua identidade visual como principal forma narrativa fazendo seu filme pender a algo pedante de alguém em seu longa experimental para a faculdade com muita dificuldade em tratar planos como narrativa, entregando um filme sem tom aparente e uma decupagem bagunçada com momentos muitíssimos pontuais onde o diretor consegue tirar o filme do marasmo estético.

A maior força de Nosferatu está em parte do elenco (quando se há espaço e tempo para tais), quando o filme consegue se tornar um universo próprio da tal urgência que ele quer imprimir nas varias formas da criatura atormentar o coletivo evocando o cinema gótico antes já trabalhado por outros 3 diretores diferentes fazendo com que aqui só pareça um grande copia e cola de contraposições cínicas em que mesmo que algumas coisas são postas em crise, logo são esvaziadas pela não habilidade de conseguir manter todas as portas abertas de vários assuntos interessantes. Fica tudo no imaginário.

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