No último domingo (24), trabalhadores da PepsiCo, multinacional responsável por marcas como Pepsi, Elma Chips e Quaker, iniciaram uma greve histórica no Brasil. O movimento é o primeiro contra a jornada de trabalho 6×1, uma escala que prevê seis dias consecutivos de trabalho seguidos por um único dia de folga. A paralisação teve início nas unidades da empresa em Itaquera e Sorocaba, em São Paulo, após tentativas frustradas de negociação com a empresa sobre a jornada.
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Laticínios e Alimentação de São Paulo (STILASP), a PepsiCo se manteve inflexível mesmo diante das reivindicações dos trabalhadores. A entidade critica a postura da empresa, que teria ignorado as propostas apresentadas, reafirmando a recusa em dialogar sobre a escala de trabalho. “Nossa luta é pela qualidade de vida e saúde mental dos trabalhadores, contra jornadas de trabalho desumanas”, afirmou o sindicato em comunicado.
O movimento conta com apoio de diversas figuras políticas e organizações sindicais. A deputada federal Érika Hilton (PSOL-SP) expressou sua solidariedade aos grevistas nas redes sociais, destacando os lucros bilionários da PepsiCo, que, segundo ela, recebeu mais de R$ 45 milhões em benefícios fiscais e obteve lucros de aproximadamente R$ 10 bilhões na América Latina até setembro deste ano. A parlamentar argumenta que a empresa tem condições financeiras de oferecer condições de trabalho mais justas.
Além disso, centrais sindicais emitiram uma nota conjunta de apoio à greve, defendendo a redução da jornada de trabalho sem a perda salarial. As centrais criticam o impacto da escala 6×1 sobre a vida dos trabalhadores, que, segundo elas, dificulta o convívio familiar, o lazer e até mesmo a ascensão profissional. A nota ainda ressalta que, como uma multinacional de grande porte, a PepsiCo tem condições de contratar mais funcionários e melhorar as condições de trabalho, sem prejudicar a produtividade.
A greve, portanto, não é apenas um protesto contra a jornada de trabalho, mas também uma cobrança por mais respeito e dignidade para os trabalhadores da empresa, que desempenham papel essencial nas operações de uma das maiores multinacionais do setor alimentício.