Um caso grave de racismo dentro de uma instituição de ensino superior veio à tona na noite da última segunda-feira (9/06), quando familiares de um jovem trabalhador da Fametro, que também é estudante da instituição, foram até a unidade e confrontaram uma aluna que teria praticado crime de injúria racial contra ele. O jovem estava trabalhando no momento e, segundo fontes, não sabia da movimentação organizada por sua própria mãe.
A Update Manauara teve acesso exclusivo ao relato de uma testemunha próxima ao caso, que confirmou que o jovem vinha sendo alvo recorrente de ofensas por parte de uma aluna, inclusive sendo chamado de “macaco”. Segundo a mesma fonte, o episódio de racismo ocorreu no mês anterior, e foi presenciado por outros funcionários. Ainda assim, nenhuma medida foi tomada pela instituição até o momento.
Segundo a testemunha, o caso teria começado quando a estudante, ao tentar sair do campus, enfrentou problemas com o QR Code que libera a catraca. O jovem, agente de portaria (AGP), orientou que ela inserisse o CPF manualmente. Ela teria digitado errado duas vezes, e ele permitiu que ela continuasse tentando — como é o procedimento padrão. Após conseguir liberar a saída, a aluna teria chamado o jovem de “macaco”. Ainda de acordo com o relato, ele ouviu, assim como outro AGP que estava presente.
“Ele ficou muito mal na época. Disseram que ele pensou até em pedir demissão, entrou em depressão. Mas continuou trabalhando, e a aluna também seguiu normalmente. A família não aguentou mais ver isso”, contou a testemunha.
No dia seguinte ao episódio, representantes da família da estudante teriam ido até a reitoria, onde uma reunião com a coordenação da unidade foi realizada. No entanto, segundo a testemunha, nenhuma providência visível foi adotada. O jovem seguiu no posto de trabalho, e a estudante continuou frequentando normalmente a faculdade. Não se sabe se houve algum tipo de acordo entre as partes — essa informação não foi confirmada pela instituição até o momento.
Na noite desta segunda-feira, a mãe do rapaz foi até a unidade onde a agressão verbal teria ocorrido e, ao encontrar a jovem, partiu para a agressão física. Durante o ato, a mãe gritava que exigia respeito ao filho.
O jovem — que cursa Enfermagem e atua como agente de portaria (AGP) — disse que está emocionalmente abalado com tudo o que aconteceu, e confirmou que não estava ciente da atitude da mãe.
“Foi uma forma de me defender diante de tudo que aconteceu”, disse ele sobre a reação da família.
Instituição já tinha conhecimento
Segundo relatos de colegas e testemunhas ouvidas pela reportagem, a Fametro já tinha ciência da denúncia de racismo desde que ela ocorreu, no mês passado. O caso teria sido levado à reitoria, e mencionado em reunião com uma das coordenadoras da instituição. Apesar disso, nenhuma providência visível foi tomada: o jovem seguiu trabalhando normalmente, assim como a estudante envolvida na acusação.
“Fizeram vista grossa. Não ficaram do lado do funcionário. A empresa não tem coração, ela tem CNPJ”, relatou uma testemunha.
O ambiente de insegurança relatado por outros funcionários também preocupa. A percepção é de que, mesmo em situações graves, como a que envolveu injúria racial, a instituição não garante apoio aos colaboradores.
“A gente está numa empresa que não está jogando com a gente. Se um aluno gritar ou tentar bater, a gente está por conta própria”, relatou outra funcionária.
1 Comentário
Se uma instituição de ensina , não ensina seus alunos a ter respeito, ir um funcionário e aluno.
Deveria ser uma faculdade. Nem existir.
Se nós tempos de hoje , ainda existe esse tipo de comportamento, então os gestores da faculdade da Fametro deveriam ser substituído.