Durante viagem aos Estados Unidos, o opositor venezuelano Edmundo González Urrutia divulgou, na noite de domingo (5), um vídeo direcionado à Força Armada Nacional Bolivariana da Venezuela, solicitando que os militares garantam sua posse como presidente no dia 10 de janeiro.
“Em 10 de janeiro, por vontade soberana do povo venezuelano, eu devo assumir o cargo de comandante-chefe com a responsabilidade de proteger nossas famílias e dirigir nossos esforços até um futuro de bem-estar e prosperidade para todos os venezuelanos. Nossa Força Armada Nacional está chamada a ser a garantia da soberania e do respeito à vontade popular”, afirmou González, que alega ter vencido as eleições presidenciais realizadas em 28 de junho de 2024.
Em resposta, o ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Sobrino López, classificou a mensagem como “ridícula” em comunicado divulgado nesta segunda-feira (6).
“Rejeitamos, categórica e veementemente, este ato de politicagem que não terá o menor impacto na consciência patriótica e revolucionária das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas, que defenderão com todas as forças a Constituição”, declarou López, reiterando o reconhecimento dos militares à vitória de Nicolás Maduro na última eleição presidencial.
Antes da posse de Nicolás Maduro para o terceiro mandato (2025-2031), marcada para esta sexta-feira (10), González tem visitado países que o apoiam. Ele foi recebido pelos presidentes da Argentina, Javier Milei, e do Uruguai, Luis Lacalle Pou, além de ter realizado uma videoconferência com o presidente do Paraguai, Santiago Peña.
Nesta segunda-feira (6), González reuniu-se com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e afirmou estar em contato com o presidente eleito Donald Trump, conforme noticiado pela agência Reuters.
O governo venezuelano afirmou que González será preso caso entre no país. Inicialmente exilado na Espanha, o opositor prometeu retornar à Venezuela no dia 10 de janeiro.
O ministro do Interior, Diosdado Cabello, declarou que a oposição estaria financiando mercenários para desestabilizar o país. Ele também afirmou que González será preso e julgado ao entrar na Venezuela.
“Se Edmundo González Urrutia puser um pé na Venezuela, será preso e julgado pela Justiça, e os que venham com ele, o acompanharão. Há espaço para todos”, disse Cabello, acrescentando que qualquer tentativa de subverter a ordem será enfrentada de forma exemplar.
As autoridades venezuelanas oferecem US$ 100 mil por informações que levem à captura de González, acusado de crimes como tentativa de golpe de Estado e por não reconhecer o resultado oficial das eleições de 2024.
A oposição venezuelana convocou manifestações para quinta-feira (9), enquanto grupos chavistas planejam atos no dia da posse de Nicolás Maduro para demonstrar apoio ao atual governo.
Parte da comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos, a União Europeia e organizações internacionais, apontaram supostas irregularidades na eleição venezuelana, como a ausência de auditorias previstas e a falta de divulgação de dados detalhados por mesa eleitoral.
Após o pleito de 28 de julho de 2024, protestos que contestaram o resultado levaram a dezenas de mortes e à prisão de mais de 2 mil pessoas. Nas últimas semanas, a justiça venezuelana libertou mais de mil manifestantes.
O governo venezuelano, por sua vez, afirma que as eleições foram validadas pelas instituições do país, como o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), exigindo respeito às decisões judiciais e a não interferência estrangeira nos assuntos internos da Venezuela.