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Crítica: A Mulher no Jardim | Collet-Serra e o Desafio de Fazer a Fantasia Florescer

Jaume Collet-Serra nunca teve a pretensão de reinventar o cinema — e talvez aí resida parte de seu charme. Seus filmes transitam entre o suspense e o entretenimento ligeiro com uma segurança rara, mesmo quando as histórias em si deixam a desejar. A Mulher no Jardim chega embalado por essa mesma lógica: uma experiência que não promete muito, mas que sabe exatamente até onde pode ir.

O filme parte de uma premissa simples: uma figura enigmática aparece no quintal de uma casa, e tudo ao redor passa a girar em torno dela. É nesse espaço limitado que Collet-Serra consegue transpor sua identidade como cineasta. Ele trabalha todos os elementos e dispositivos da casa com inteligência, buscando nos cantos, corredores e objetos pequenos respiros de criatividade. Quando finalmente vemos a fantasia cruzar a porta e entrar de fato na casa, parece que estamos testemunhando não apenas um avanço na trama, mas um gesto de Collet-Serra em trazer sua própria visão para dentro do filme.

Nesse sentido, há algo quase metalinguístico no embate entre direção e roteiro: enquanto Collet-Serra quer fazer a fantasia entrar no espaço fílmico, o roteirista Sam Estefanak parece renegá-la em seu texto, criando distâncias e ruídos que afastam a trama desse encantamento. O resultado é uma obra marcada por essa estranheza de tons — momentos que deveriam emocionar ou intrigar acabam caindo num vazio, deixando no espectador mais indiferença do que impacto.

No fim, A Mulher no Jardim reafirma o que já sabemos sobre Collet-Serra: ele é um diretor que domina a forma, mesmo quando o conteúdo escapa por entre os dedos. Entre altos e baixos, o filme encontra momentos de encanto e estranhamento que, ainda que não deixem marcas profundas, confirmam seu talento para transformar pequenas ideias em entretenimento eficiente. É um filme que talvez não permaneça na memória, mas cumpre bem seu papel enquanto dura.

No fundo, A Mulher no Jardim é menos sobre o mistério da figura no quintal e mais sobre o duelo silencioso entre um diretor que quer fazer a fantasia florescer e um roteiro que insiste em mantê-la do lado de fora.

Escrito Por

Lucas Cine

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