O advogado e influenciador baiano João Neto, de 47 anos, disse haver uma situação em que se justifica agredir uma mulher. Preso em flagrante por lesão corporal contra a companheira, em Maceió, ele disse em entrevista a um podcast, há 11 dias, que um homem tem motivo para bater em uma mulher caso seja agredido primeiro.
— Para mim só tem um motivo para homem bater na mulher, só tem um — disse Neto.
Ele é interrompido pelas risadas do apresentador do RedCast. Em seguida, prossegue:
— Claro que tem. Não tem (medo de) corte não, pode deixar mesmo. Pode botar o corte e eu falo: o motivo que o ‘doutor’ acredita que pode bater em mulher. Tem um motivo: se ela lhe bater. Porque quem não quer apanhar não bate. Se a mulher sabe que não aguenta com você, ela vai dar um tapa na sua cara para quê? Se ela deu um tapa na sua cara ela está querendo tomar outro. Então é aquela questão — afirmou Neto.
— Bateu, levou — completa o entrevistador
— Exatamente. Você é Jesus Cristo para tomar um tapa na cara e dar o outro lado? — finaliza o advogado.
João Neto tem mais de dois milhões de seguidores nas redes sociais. Ele é conhecido pelo bordão “no coco e no relógio”. O advogado foi flagrado pelas câmeras de segurança do prédio onde mora quando agredia a companheira, de 25 anos. A vítima saiu do apartamento com o queixo sangrando.
A mulher relatou, em depoimento, que já havia sido agredida outras vezes. Segundo o g1, ela contou sobre episódios nos quais foi enforcada, chutada e empurrada.
Após a prisão, a presidente da seccional baiana da Ordem dos Advogados do Brasil, Daniela Borges, classificou o caso como “extremamente grave” e anunciou providências. Apesar de ter sido preso em Alagoas, Neto possui inscrição originária na OAB da Bahia.
“Os fatos relatados são extremamente graves e a OAB-BA rechaça toda e qualquer forma de violência contra a mulher. Além de crime, a violência contra a mulher também se caracteriza como infração ético-disciplinar”, afirmou a presidente, por meio das redes sociais.
A OAB-BA acrescentou que o caso foi encaminhado ao Tribunal de Ética e Disciplina da seccional baiana e que acompanha os desdobramentos na investigação aberta pela OAB de Alagoas.
Em nota assinada pelo presidente Vagner Paes Cavalcanti Filho, a OAB alagoana afirmou que “não tolerará quaisquer desvios de conduta, sobretudo aqueles que tratem de violência contra as mulheres e que atentem contra os preceitos que regem o exercício da advocacia”.