A primeira aprovação provocou reações diversas dentro do espectro político israelense. O presidente Isaac Herzog acolheu a decisão do Gabinete de Segurança como “um passo vital” e disse esperar que o governo “faça o mesmo em breve”. Em sentido oposto, o ministro da Segurança Interna, Itamar Ben Gvir, fez um último apelo para que os membros do Gabinete de Governo votem contra o acordo — principal representante da ala mais radical da coalizão de Netanyahu, Ben Gvir afirma que a troca aprovada irá devolver “terroristas” ao território palestino, e ameaçou derrubar o governo caso os termos fossem aprovados.
O primeiro-ministro do Catar descreveu o acordo e a libertação dos reféns como “a última chance de Gaza”. Em entrevista à rede Sky News, o xeque Mohammed bin Abdulrahman Al Thani defendeu a criação de um Estado palestino como um meio para a paz e disse que o “fracasso não é uma opção”. O premier catari também elogioi a atuação de Donald Trump, que assumirá a Presidência dos EUA na segunda-feira, afirmando que sua gestão pode “criar um impacto maior” no Oriente Médio.
A formalização do acordo avançou nesta sexta-feira, um dia após um impasse travar o processo de aprovação pelo lado israelense. O Gabinete de Netanyahu acusou o Hamas de tentar incluir novas exigências nos termos na quinta-feira, um dia após o anúncio oficial de que tanto palestinos quanto israelenses haviam concordado com uma mesma proposta. O grupo palestino rejeitou as acusações, mas o imbróglio atrasou a validação do recurso em um dia.
Em meio ao impasse, equipes de negociadores e mediadores internacionais continuaram as tratativas no Catar, com as partes internacionais envolvidas na conversa expressando otimismo com o desfecho positivo para a frente diplomática. Na manhã desta sexta (início de madrugada no Brasil), o Gabinete de Netanyahu confirmou que as desavenças haviam sido superadas.
Libertação de reféns
A imprensa israelense afirma que que Netanyahu já tem os votos suficientes para aprovação junto aos ministros. Em uma série de publicações na rede social X, o escritório do premier afirmou mais cedo que as famílias dos reféns já foram avisadas sobre o sucesso das negociações, e que deveriam “se preparar” para receber de volta seus entes queridos.
“Aguardando aprovação do Gabinete [de segurança] e do Governo, e cumprimento do acordo, a libertação dos reféns pode ocorrer de acordo com o cronograma planejado a partir de domingo”, acrescentou o Gabinete de Netanyahu em um comunicado anterior ao início da reunião.
Embora o procedimento interno israelense ainda preveja a abertura de uma janela para que civis apresentem objeções ao acordo na Suprema Corte do país, espera-se que os tribunais não impeçam a consolidação do termo. Com isso, a expectativa é de que a libertação dos primeiros reféns comece a partir das 12h15 (07h15 em Brasília) de domingo.
Inicialmente, o acordo trata sobre a libertação de 33 reféns, em troca de prisioneiros palestinos detidos em Israel. O Ministério da Justiça israelense divulgou uma lista parcial com 95 nomes, entre os quais há mulheres e crianças. De acordo com o jornal The New York Times, mais nomes serão divulgados após a aprovação total do cessar-fogo. A primeira etapa, que deve durar seis semanas, também inclui uma retirada gradual de forças israelenses de determinadas posições, com o retorno da população civil ao norte de Gaza. O Hamas deve liberar com uma antecedência de 24 horas o nome dos reféns que serão soltos a cada dia, o que significa que já no sábado devem ser confirmados quem estará na primeira entrega.
Os avanços para a aprovação, contudo, não diminuíram a intensidade dos combates no campo de batalha. Um novo balanço da Defesa Civil de Gaza divulgado pela CNN informou nesta sexta-feira que 116 pessoas, incluindo 30 crianças e 32 mulheres, foram mortas no enclave desde que o cessar-fogo foi anunciado na quarta-feira. Mais de 264 pessoas ficaram feridas.