Por mais que Parker Finn tente muito trazer uma abordagem nova para seu filme de maldição, acaba por cair em excessos que no primeiro longa já davam um sinal vermelho mas que aqui encontra uma narrativa completamente descompassada que vai tentando se encontrar em meio devaneios e regras impostas pela maldição, que ao meu ver mais faz mal para a o filme do que beneficia ele. Arrasadíssimo e com muitas coisas deixadas pelo caminho.
A indústria e nossa geração está sempre em confronto, tentando gritar para o mundo de varias maneiras a podridão da mesma e como isso afeta o individuo de diversas maneiras. E em um ano que temos várias obras com essa abordagem faz parecer que o maior tom de originalidade é criticar a mesma como se isso fosse quase um gênero a parte, na logica estadunidense funciona mais como ‘fale bem ou fale mal, mas fale de mim’ fazendo com que tal discussão, devido as abordagens limpas que parecem mais corroborar com os ideais da indústria fiquem pra lá de vazias.
Parker Finn, que trouxe Sorria em 2019, que apesar de seus usos genuínos das ferramentas do horror, conseguia alocar e comportar todos seus personagens nas penumbras do terror social e psicológico das inúmeras possibilidades de um mal inalcançável, imparável que brinca com nosso imaginário , partindo de um simples sorriso fazendo a estranhice do gênero entrar em um estado de horror paralelo a realidade da protagonista, que por muito e pela sua própria realidade imposta pelo roteiro para introduzir a tal abordagem clinica de transtornos mentais usado como cerne da perseguição unilateral da entidade.
Em sua sequencia, Finn busca seu filme recorte para com a indústria, quase como se quisesse entrar na roda de conversa, de maneira completamente torta, diga-se de passagem. Não que essa abordagem não funcione, muito pelo contrario, é que aqui durante sua rodagem ele busca diversas maneiras de dialogar algo que tanto já fora estabelecido em seu anterior, como em excessos estilísticos que mais fazem dar uma sensação de repetição do que transformar e progredir sua trama junto a decupagem, saindo completamente pela culatra deixando o filme apenas redundante em vários momentos.
Um filme um tanto quanto descompassado, que em sua essência até funciona muito como a sequencia do ‘mais’, só que quando esses vícios de linguagem cinematográfica quase que iniciantes contaminam todas suas composições e nada parece natural, acaba por ser apenas uma continuação a pedido de produtora, sem que o criador tivesse autoria sobre uma historia de maldição, que por si só precisa e muito de criatividade e sujeira para trabalhar as infinitas possibilidade do que a nossa mente pode criar com o horror e não deixar apenas no estado mais asséptico possível, reduzindo todas as possibilidades a meras viradas de roteiros.
Sorria 2 procura dentro de seu debate cínico sobre a indústria, a materialidade dos medos ligados a traumas e figuras metalinguísticas , que por fim se torna apenas panfleto de um terror marcado por batidas e ferramentas do gênero, mas sem ser terror.