Em um movimento inesperado, o presidente Joe Biden anunciou oficialmente sua desistência da candidatura à reeleição nas próximas eleições presidenciais. A decisão vem após semanas de especulação e pressão crescente, especialmente após um desempenho considerado fraco em um debate televisivo contra o ex-presidente Donald Trump no final de junho. Biden, que havia conquistado quase 4.000 delegados nas primárias democratas, vinha sendo pressionado a reconsiderar sua candidatura devido à crescente preocupação com sua capacidade de enfrentar Trump novamente nas urnas. Nos últimos dias, os rumores sobre sua desistência ganharam força, culminando no anúncio oficial nesta segunda-feira.
A notícia pegou muitos membros do Partido Democrata de surpresa. Elaine Kamarck, pesquisadora sênior do Brookings Institution e membra do Comitê Nacional Democrata (DNC), destacou a falta de um Plano B sólido para substituir Biden. “Até o fim de junho, não havia uma estratégia clara para essa eventualidade”, disse Kamarck, que também é autora do livro “Primary Politics”. Com a desistência de Biden, os delegados que ele havia conquistado nas primárias estão agora livres para apoiar outros candidatos. A vice-presidente Kamala Harris é vista como uma das principais candidatas para substituir Biden, apesar de sua popularidade ter oscilado nos últimos anos. Harris, que recebeu o apoio de Biden, tem a vantagem de já estar na chapa presidencial. Outros nomes proeminentes que surgem como possíveis candidatos incluem Gavin Newsom, governador da Califórnia, Gretchen Whitmer, governadora de Michigan, Andy Beshear, governador de Kentucky, e J.B. Pritzker, governador de Illinois.
A escolha de um novo candidato não será simples. Os pretendentes à indicação precisarão obter o apoio de 600 delegados da Convenção Nacional Democrata, que contará com aproximadamente 4.672 delegados em 2024. Caso nenhum candidato consiga a maioria dos delegados, uma “convenção negociada” poderá ocorrer, onde os delegados atuam como agentes livres e negociam com a liderança do partido para chegar a um consenso. Se Kamala Harris for escolhida como substituta de Biden, ela poderá continuar a campanha utilizando os recursos já arrecadados. Entretanto, se outro candidato for escolhido, a chapa Biden-Harris terá que devolver todas as doações recebidas, e o novo candidato precisará começar a campanha praticamente do zero. Especialistas afirmam que esta transição poderia ser complexa, exigindo uma rápida reorganização financeira e estratégica. Com a Convenção Nacional Democrata se aproximando em agosto, o partido enfrenta uma corrida contra o tempo para escolher um novo candidato que possa unir os democratas e enfrentar Donald Trump nas eleições de 2024. O processo promete ser intenso e decisivo, com o futuro da liderança democrata em jogo.