Subscribe for Newsletter

Edit Template

Trabalhadores de Belém aprendem inglês para receber turistas durante a COP30

Explicar a história do açaí, vender produtos ou apresentar as peculiaridades da Floresta Amazônica podem até ser tarefas simples para moradores de Belém. Mas fazer tudo isso em um idioma estrangeiro torna a missão mais difícil. Pensando na qualificação profissional para a COP30, quando dezenas de milhares de estrangeiros estarão no Pará, trabalhadores locais estão fazendo aulas de inglês. Um programa oferecido pelo governo do Pará já capacitou 22 mil pessoas desde o ano passado.

Lançado em março de 2024, o programa Capacita COP30 oferece 105 cursos ligados à agenda de turismo, infraestrutura e serviços, em parceria com instituições de ensino e entidades da iniciativa privada, como Sebrae, Coca-Cola e Cielo. Entre as aulas disponíveis, as mais concorridas são as de inglês, com turmas de nível básico, intermediário ou avançado.

A atendente de restaurante Francienne Alves fez aulas de inglês para facilitar a comunicação com os clientes na Cop30 — Foto: Reprodução
A atendente de restaurante Francienne Alves fez aulas de inglês para facilitar a comunicação com os clientes na Cop30 — Foto: Reprodução

Os módulos costumam ser no modelo “intensivão”, com aulas de segunda a sexta e duração de um mês. Ao concluir um módulo, pode-se fazer um outro na sequência. Alunos ouvidos pelo GLOBO contaram que as aulas de inglês privilegiam o aprendizado de termos e contextos comerciais e de atendimento ao cliente, já que o público-alvo são garçons e vendedores, além de trabalhadores do turismo. Outro foco é no “ecologês“, com ensino de termos ambientais e da agenda do clima em inglês.

Francienne Alves, atendente do restaurante Ponte do Açaí, diz que procurou o curso para facilitar a comunicação e melhorar o seu atendimento ao cliente, já que 80% do público do estabelecimento é formado por turistas.

— Quis fazer o curso para ter uma comunicação mais eficaz e um atendimento mais personalizado, assim os clientes que vêm de fora terão uma experiência mais positiva — diz a funcionária, que conta das surpresas que estrangeiros costumam ter com o consumo do açaí salgado. — Eles ficam bem surpresos, porque é muito diferente do que estão acostumados, e primeiro acham que é uma sobremesa. Mas gostam muito. Sempre querem conhecer a culinária, não só o açaí, mas a maniçoba, o vatapá. A gente explica de onde vieram esses pratos, as raízes indígenas. E para falar isso sem saber a língua deles é difícil.

Fomento ao negócio

O publicitário Jonas Rocha criou a agência Pavu Comunicação neste ano, já com vistas à COP. Seu foco é oferecer serviço de filmagem e mídias sociais para empresas e delegações que venham para o evento. Ao saber dos cursos de inglês, ele e seu sócio se matricularam a fim de melhorar seu nível básico e desenvolver melhor a conversação.

— Nossa pretensão é vender nosso serviço, e para isso precisamos falar o idioma de quem vem. Serão muitas ONGs, empresas, delegações. E nem todo mundo vai ter equipe de filmagem e de produção de stories em publicações em tempo real — explica Rocha, exemplificando o que a agência oferece.

Professor dá aula de inglês com vocabulário básico para trabalhadores que vão atuar na Cop30 — Foto: Reprodução
Professor dá aula de inglês com vocabulário básico para trabalhadores que vão atuar na Cop30 — Foto: Reprodução

A dupla já concluiu o primeiro módulo e agora pretende fazer o nível avançado. Na turma, o publicitário conta que havia gente de todas as idades e muitos funcionários de restaurantes e de hotelaria:

— O professor instigava não só o contexto de trabalhos temporários, mas também a aplicar o inglês no nosso próprio negócio. Aprendemos a responder sobre preços, valores e como abordar clientes de forma profissional. O curso foi muito nessa linha de capacitar a gente a fomentar nosso próprio negócio.

Outra vertente explorada, diz Rocha, foi a dos termos ambientais, mais científicos:

— Até em português a gente fica meio perdido nesses termos sobre clima, meio ambiente… Tem outros cursos do programa que aprofundam mais o tema, e eu quero fazê-los.

Também da área de marketing, Josué Gama fez o curso vislumbrando melhorar sua participação nos eventos da sua empresa durante a COP30. Ele trabalha em um grupo que atua em segmentos como gastronomia e hotelaria, e na conferência acontecerão alguns encontros internacionais.

— A gente praticou muito como explicar o nosso cotidiano, em conversação com vocabulários mais simples. E também como apresentar produtos locais — explica Gama, que é supervisor de marketing. — É uma evolução profissional e pessoal também. Traz muitas oportunidades.

Vídeos: Jonas Rocha quer produzir conteúdo para delegações — Foto: Reprodução
Vídeos: Jonas Rocha quer produzir conteúdo para delegações — Foto: Reprodução

Chance de efetivação

Na opinião dele, ainda faltam investimentos na qualificação da mão de obra local, para além dos cursos de idioma. Gama cita, por exemplo, a alta demanda sobre a gastronomia paraense, que vem exigindo a contratação de muitos profissionais capacitados.

Para Fernando Soares, representante do Sindicato de Hotéis e Restaurantes do Pará, as maiores demandas de contratação durante a COP serão nos setores de gastronomia e hotelaria. Nos estabelecimentos desses setores, será desejável a comunicação em inglês.

— Na COP, a ocupação dos hotéis será 100%. Vai ter gente entrando e saindo 24 horas por dia, então será preciso triplicar o pessoal: camareira, garçom, barman, cozinheiro, auxiliar. Nos bares e restaurantes, a demanda maior é por pessoal de cozinha e limpeza e garçom e garçonete.

Apesar do perfil temporário da maiorias das vagas para a COP, Everson Costa, técnico e pesquisador do Dieese do Pará, diz que há expectativa para expansão do mercado de trabalho e absorção de empregos a partir da conferência.

— Deveremos ter atividades temporárias, principalmente no setor de serviços, mas toda mão de obra temporária tem possibilidade de permanecer depois. Além disso, há muita demanda na construção civil, que vem contratando muita gente. Em fevereiro, o Pará criou três mil postos formais de trabalho, mais que o dobro de fevereiro do ano passado. Já foi um reflexo direto da COP.

Para Costa, a necessidade de qualificação desses trabalhadores vai além da COP.

— Há perspectivas de qualificação a curto prazo, no caso dos restaurantes, hotéis e circuito cultural, mas também a médio e longo prazos, para ter aqui uma estrutura turística e de negócios mais qualificada. Belém é uma capital que busca se consolidar como destino turístico ambiental, cultural e religioso, porque temos o Círio de Nazaré.

Escrito Por

Avatar photo

Redação Update Manauara

Deixe um Comentario

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Ethical Dimensions in the Digital Age

The Internet is becoming the town square for the global village of tomorrow.

Posts Populares

About Us

Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Ut elit tellus, luctus nec ullamcorper mattis, and pulvinar daHad denoting properly jointure you and occasion directly raillery. In said to of poor full.

You May Have Missed

  • All Posts
  • Amazonas
  • Brasil e Mundo
  • Ciência e Tecnologia
  • Cinema
  • Críticas
  • Destaques
  • Entretenimento
  • Esportes
  • Games
  • Lucas cine
  • Luis cunha
  • Parintins
  • Política
  • Saúde
  • Séries e TV
  • Sociedade

Tags

© 2024 Created with Royal Elementor Addons