A noite de premiação do Festival de Cannes 2025 consagrou o Brasil como um dos grandes destaques da edição. O longa O Agente Secreto, dirigido por Kleber Mendonça Filho, venceu os prêmios de Melhor Direção e Melhor Ator, com uma performance aclamada de Wagner Moura.
Além disso, a produção brasileira foi amplamente reconhecida pela crítica internacional, recebendo o Prêmio FIPRESCI e o Prix des Cinémas Art et Essai, reforçando sua força junto aos jurados e consolidando sua presença entre os filmes mais marcantes do festival.
A Palma de Ouro foi para A Simple Accident, do cineasta iraniano Jafar Panahi, em uma premiação marcada por forte impacto político e social.
Confira os vencedores:
Competição Oficial :
Palma de ouro – “A Simple Accident”, de Jafar Panahi;
Melhor Direção: Kleber Mendonça Filho, por O Agente Secreto
Melhor Ator: Wagner Moura, por O Agente Secreto
Melhor Atriz: Yui Suzuki, por Renoir
Grand prix – “Sentimental Value”, de Joachim Trier;
Prêmio Especial do Júri – “Ressurreição”, de Bi Gan;
Prêmio do Júri – Mascha Schilinski, por “Sound of Falling”; Sirât, de Olivier Laxe
Melhor Roteiro: Young Mothers, dos irmãos Dardenne (Bélgica)
Menção Especial: My Father’s Shadow, de Akinola Davies Jr.
Curta-metragem Palma de Ouro: I’m Glad You’re Dead Now , de Tawfeek Barhom;
Menção Especial, curta-metragem: Ali, de Adnan Al Rajeev;
Melhor atriz – Nadia Melliti, por The Little Sister.

Outros prêmios
Também nesta edição do Festival de Cannes, o filme brasileiro ganhou o prêmio da Crítica. O anúncio foi publicado no Instagram da Federação Internacional de Imprensa Cinematográfica (Fipresci). Esse prêmio, no entanto, não faz parte da lista oficial – a categoria foi criada por críticos de forma paralela. “O Agente Secreto” também levou o prêmio o “Art et Essai”, dos exibidores independentes da França.

Sobre a premiação
O Cannes funciona da seguinte maneira:
- O júri deve “obrigatoriamente” entregar sete prêmios: Palma de Ouro, Grand Prix, Prêmio do Júri e as distinções de direção, roteiro e interpretação feminina e masculina;
- As decisões são tomadas por maioria absoluta nas duas primeiras rodadas e por maioria relativa nas seguintes;
- No geral, um filme só pode receber um prêmio, exceto o prêmio de Melhor Roteiro e do Júri que podem ser associados a um prêmio de interpretação;
- Uma champanheira serve de urna: os membros do júri depositam um pequeno papel dobrado em quatro.
Un Certain Regard :
Melhor Filme: The Mysterious Gaze of the Flamingo, de Diego Céspedes (Chile)
Melhor Direção: Tarzan e Arab Nasser, por Once Upon a Time in Gaza
Melhor Performance: Cléo Diara (I Only Rest in the Storm) e Frank Dillane (Urchin)

Prêmios paralelos já divulgados:
Prêmio FIPRESCI (crítica internacional): O Agente Secreto
Prix des Cinémas Art et Essai: O Agente Secreto
Câmera de Ouro (Melhor Estreia): The President’s Cake, de Hasan Hadi (Iraque)
Melhor Curta-Metragem: I’m Glad You’re Dead Now, de Twafeek Baron (Reino Unido)

Premiação Cinef (filmes estudantis):
Primeiro lugar: First Summer, de Heo Gayoung (Coreia do Sul)
Segundo lugar: 12 Momentos Antes da Cerimônia do Hastear da Bandeira, de Qu Zhizheng (China)
Terceiro lugar (empate): Ginger Boy, de Miki Tanaka (Japão) e Winter in March, de Natalia Mirzoyan (Estônia)
Veja lista dos 22 filmes que concorreram a Palma de Ouro no Festival de Cannes 2025:
“The Mastermind”, da americana Kelly Reichardt – A história do roubo de obras de arte com a guerra do Vietnã como pano de fundo e o movimento feminista.
“Sound of falling”, da alemã Mascha Schilinski – Um drama que reúne quatro mulheres de quatro gerações diferentes em uma propriedade rural.
“Two prosecutors”, do ucraniano Sergei Loznitsa – Um filme ambientado na União Soviética dos anos 1930, durante os expurgos stalinistas.
“Dossier 137”, do francês Dominik Moll – Um filme policial sobre uma inspetora que enfrenta as consequências de um protesto em que um jovem foi ferido por um tiro dos agentes.
“Sirat”, do espanhol Oliver Laxe – Um road movie, protagonizado por Sergi López.
“La petite dernière”, da francesa Hafzia Herzi – A atriz e diretora adapta livremente o romance homônimo de Fatima Daas, que narra a história da filha mais nova de uma família de migrantes argelinos, que pouco a pouco se emancipa de sua família e suas tradições.
“Eddington”, do americano Ari Aster – Um filme sobre um xerife de uma pequena cidade do Novo México com grandes aspirações. O elenco tem Joaquin Phoenix, Pedro Pascal e Emma Stone.
“Renoir”, da japonesa Chie Hayakawa – Um drama sobre o amadurecimento, a resiliência, o poder de cura da imaginação e uma família traumatizada que lutando para se reconectar.
“Nouvelle Vague”, do americano Richard Linklater – Um filme sobre as filmagens de “Acossado” (1960) de Jean-Luc Godard.
“Die, My Love” de la británica Lynne Ramsay – Um thriller sobre uma jovem que acaba de ser mãe e cai em depressão. O elenco inclui Jennifer Lawrence e Robert Pattinson.
“O Agente Secreto”, do brasileiro Kleber Mendonça Filho – Um thriller político ambientado no final dos anos 1970, durante a ditadura militar brasileira, protagonizado por Wagner Moura.
“O Esquema Fenício”, do americano Wes Anderson – Uma comédia de espionagem protagonizada por várias estrelas de Hollywood, como é habitual em suas produções, incluindo Benicio Del Toro, Tom Hanks, Bill Murray, Scarlett Johansson e Mia Threapleton, filha de Kate Winslet.
“Les Aigles de la République”, do egípcio Tarik Saleh – Prestes a perder tudo, o ator mais famoso do Egito aceita interpretar o papel de presidente em um filme biográfico em sua homenagem, apesar do risco envolvido.
“Alpha”, de Julia Ducournau – Quatro anos depois de conquistar o maior prêmio de Cannes com “Titane”, a diretora francesa apresenta sua nova obra com Golshifteh Farahani e Tahar Rahim, a história de uma menina que enfrenta a epidemia de aids nos anos 1980.
“A Simple Accident”, de Jafar Panahi – O diretor iraniano, perseguido pelo regime dos aiatolás, não quis antecipar destalhes de seu novo filme.
“Fuori”, do italiano Mario Martone – Um filme biográfico sobre a atriz e escritora italiana Goliarda Sapienza.
“Romería”, da espanhola Carla Simón – A diretora, vencedora do Urso de Ouro no Festival de Berlim em 2022 por “Alcarràs”, narra a viagem familiar de uma jovem catalã à Galícia após perder os pais para a aids, o mesmo drama que Simón viveu quando era criança.
“The History of Sound”, do sul-africano Oliver Hermanus – Durante a Primeira Guerra Mundial, dois jovens decidem registrar as vidas, vozes e a música de seus compatriotas americanos. Filme protagonizado por Paul Mescal e Josh O’Connor.
“Sentimental Value”, do norueguês Joachim Trier – Trier repete a parceria com a atriz Renate Reinsve (“A Pior Pessoa do Mundo”, 2021) em um longa-metragem que mostra como um diretor tenta refazer os laços com suas filhas.
“Woman and Child”, do iraniano Saeed Roustaee – Um drama familiar sobre uma enfermeira viúva que enfrenta a rebeldia de seu filho. Protagonizada por Parinaz Izadyar.
“Resurrection”, do chinês Bi Gan – Último longa-metragem anunciado na seleção oficial da mostra, este filme distópico mistura a história da China com ficção científica.
“Jeunes mères”, de Jean-Pierre e Luc Dardenne – Os irmãos belgas, que já venceram duas Palmas de Ouro (“Rosetta” em 1999 e “A Criança” em 2005), narram desta vez a história de cinco mulheres acolhidas em um centro onde recebem apoio como jovens mães.