Um vídeo divulgado nas redes sociais nesta quinta-feira (9) trouxe mais mistério ao caso da prisão de María Corina Machado, uma das principais líderes da oposição na Venezuela. Após ser detida por agentes do regime de Nicolás Maduro ao sair de uma manifestação em Caracas, María aparece no vídeo afirmando que está bem e que não chegou a ser sequestrada, como inicialmente denunciado por seus aliados.
No vídeo, María está com as mesmas roupas usadas durante a manifestação. Ela aparece em um local aberto, segurando uma garrafa d’água, e afirma que conseguiu escapar de uma perseguição após troca de tiros, negando ter sido capturada. Contudo, a veracidade do vídeo tem sido amplamente questionada. Alguns acreditam que María pode estar sendo coagida a gravar a mensagem; outros levantam a possibilidade de o vídeo ser manipulado, até mesmo criado com tecnologia de inteligência artificial.
O que se sabe até agora
Segundo relatos da oposição venezuelana, María foi interceptada por agentes chavistas ao deixar a manifestação em Chacao. Testemunhas afirmaram que tiros foram disparados e que a opositora foi levada à força. Horas depois, seus aliados anunciaram que ela teria sido obrigada a gravar vídeos antes de ser libertada.
“Hoje, #9Jan, ao sair da concentração em Chacao, Caracas, María Corina Machado foi interceptada e derrubada da moto em que estava se deslocando. Durante o incidente, armas de fogo foram disparadas. Ela foi levada à força. Durante o período de seu sequestro, foi obrigada a gravar vários vídeos e, em seguida, foi liberada”, afirmou o partido opositor em postagem na rede social X.
Já o governo Maduro negou qualquer envolvimento na prisão, chamando a situação de “distração fabricada” pela oposição.
Quem é María Corina Machado?
María Corina Machado é uma das principais figuras da oposição ao regime de Nicolás Maduro. Acusada de diversos crimes pelo Ministério Público venezuelano, ela passou os últimos meses escondida, alegando temer por sua vida. Em agosto, escreveu no The Wall Street Journal sobre as constantes ameaças que sofria, e, em novembro, afirmou em entrevista ao g1 que enfrentava perseguição, assim como outros opositores.
Apesar dos riscos, María participou de um ato público pela primeira vez em cinco meses nesta quinta-feira, discursando para manifestantes em Caracas. Sua prisão e o suposto vídeo divulgado aumentaram as tensões políticas no país.
Oposição denuncia perseguições
A prisão de opositores ao regime de Maduro não é um caso isolado. Recentemente, o genro de Edmundo González, outro líder opositor, foi sequestrado por homens encapuzados e segue desaparecido. González, que se autoproclamou presidente eleito da Venezuela, também enfrenta um mandado de prisão e uma recompensa de US$ 100 mil foi oferecida por informações sobre seu paradeiro.
María Corina também denunciou que agentes chavistas cercaram a casa de sua mãe, de 84 anos, cortando a luz da região e instalando postos de controle nos arredores.
Dúvidas no ar
O suposto vídeo de María Corina Machado levanta mais perguntas do que respostas. Ela realmente conseguiu escapar? Está sendo coagida? Ou o vídeo é, de fato, falso? Até o momento, nenhuma evidência definitiva foi apresentada, e o mistério sobre o destino da opositora persiste, em um país marcado por tensões políticas e disputas pelo poder.
A oposição e os chavistas, por sua vez, continuam a mobilizar apoiadores às ruas, intensificando o clima de instabilidade que precede a posse presidencial marcada para esta sexta-feira (10).