Ainda que consiga trabalhar bem a figura mística, cômica e teatral do palhaço Art, soa como se Damien Leone não tivesse o que contar propriamente nesse capítulo que transforma o filme em uma experiência sem uma narrativa coesa com uma montagem pra lá de quebrada. Se no segundo filme temos 2hrs30m, aqui é como se para não ficar com essa mesma duração, ele foi cortando tudo para que ficasse com menos, mas o sentimento que me trouxe é que foram cortadas partes essenciais pra dar liga a narrativa. Existem lacunas bizarras de acontecimentos que simplesmente acontecem e não há senso de espacialidade, como há no filme anterior.
Gosto muito de toda essa mitologia por de trás do palhaço, do mal que aflige a final girl e uma coisa que muito me brilha os olhos é como Lauren LaVera da vida a Sienna com uma personalidade bem marcante que foge de vários esteriótipos do gênero tornando-a bem original com um drama muito funcional que por mais que na montagem seja mal alocado, narrativamente é muito interessante. Penso ainda, que aqui seja significativamente expressa essa correria de duração por conta de criticas ao segundo filme em relação a isso é essa parte da trama que ao meu ver tem muita importância ao universo, sejam duas cenas apenas durante todo a duração.
O trabalho de maquiagem e como essa violência estetizada nos leva a lugares grotescos, aqui parece perder um pouco de força. E não me entenda mal, no segundo filme e como um todo temos Art como uma figura cômica e sanguinolenta, que faz da morte seu espetáculo, que pela extrapolação acha um lugar incomum de deixar as mortes cinicamente divertidas de assistir por nos colocar nesse lugar de querer ver frontalmente toda aquela brutalidade sem que nos faça necessariamente mal; Já aqui no terceiro, é tudo tão mal montado que não dá pra sentir nada, parecem apenas passagens para que a próxima cena aconteça. Quase como se as mortes fossem um intervalo para voltarmos ao filme.
Escolhas nada autorais pegam esse filme e jogam ele numa crise estética e visual difícil de compreender quando nada conversa com nada, nem as mortes, nem os diálogos, e a espacialidade não vão de encontro e deixam tudo muito descolado parecendo que o filme vai se quebrar por inteiro em qualquer momento.
Temos uma escolha e gama de ferramentas de violência muito bem impostas e pressupostas da mente dos assassinos e na nossa, existem momentos geniais de como estabelecer a violência imaginaria a partir do dispositivo e não pela grafia por si só. Tem muitos momentos inspirados acenando de Brian de Palma a Hitchcock e é isso que mais Damien consegue imprimir muito bem nesse microcosmo, sua diversão em produzir, e o quanto ele vai extrapolar tudo aquilo até suas ultimas consequências. Mas aqui nada cativa verdadeiramente tirando o vermelho do sangue e a diversão macabra marcante do seu cinema.