A seca extrema que assola o estado do Amazonas pode levar à falta de peixes nas feiras e mercados de Manaus ainda em 2024, de acordo com a Federação de Pescadores do Amazonas (Fepesca-AM). O impacto já afeta tanto os consumidores quanto os pescadores, que dependem da venda do pescado para sobreviver.
Na sexta-feira, 20 de setembro, o nível do Rio Negro em Manaus foi registrado em 15,08 metros, refletindo a gravidade da situação. A Prefeitura de Manaus declarou situação de emergência no dia 11 deste mês, reconhecendo os desafios impostos pela estiagem.
A Fepesca-AM destacou que a queda acentuada no nível dos rios está dificultando o acesso dos pescadores às áreas de pesca, o que pode resultar em uma menor oferta de peixes no mercado local. Além disso, o aumento dos custos operacionais, causado pela necessidade de navegar para regiões mais distantes e menos produtivas, também está pressionando os preços do pescado.
Walzenir Falcão, presidente da Fepesca-AM, explicou que a água mais quente devido à seca pode prejudicar os níveis de oxigênio, afetando a sobrevivência dos peixes. “Quando há redução na produção, é a lei da oferta e procura; o preço tende a subir”, afirmou Falcão. Ele prevê um aumento de até 40% no preço do jaraqui, uma das espécies mais populares entre os manauaras.
Feirantes também relatam dificuldades. Luiz Carvalho, de 52 anos, que trabalha na Feira da Manaus Moderna, mencionou que o custo do frete para trazer o peixe tem aumentado, além dos gastos com transporte e armazenamento, como gelo e canoas. Thiago Queiroz, de 22 anos, outro vendedor da feira, destacou que os problemas no transporte do pescado começaram já no início da estiagem, em julho deste ano.
A situação ameaça não apenas o abastecimento de peixe em Manaus, mas também a economia local, que depende fortemente da pesca e das feiras tradicionais para movimentar o comércio.