Em 2016 temos a premiere e primeira temporada da série de Donald Glover Atlanta, um drama cômico sobre arte, cultura, e comentários raciais pontuais de acordo com toda uma vivencia cultura de Childish Gambino, encarnado no seu personagem Earn, da série.
Aqui em Get Out, Jordan Peele segue quase que a mesma logica, mas aqui vindo de Key and Pelle (2012-2015) série de esquetes cheias de criticas sociais, verborrágicas e muito criativas. Como sendo seu primeiro trabalho na direção, Peele dirigi e roteiriza o longo integralmente e veio a ser um dos destaques do seu ano, tendo até uma surpreendente indicação ao Oscar por ser filme de gênero.
Esse texto está sendo redigido por conta de uma revisão feita 7 anos após a estreia de tal. Lembro que quando o filme marcado na memoria por conta de seu grande “plot twist” e o filme foi acabando por ficar na minha memoria apenas com a virada dele sem que a construção até lá se fizesse efetiva. Claro, eu lembrava de cenas, alguns diálogos e piadas pontuais, mas com uma cabeça totalmente diferente, fez bem mais sentido e ficou claro um sentimento que eu sempre tinha ao pensar nesse filme.
Por mais que o filme seja dinâmico na sua narrativa e vezes fluido, nessa segunda visita acabei por sentir uma certa sensação de pausa na virada do segundo para o terceiro ato como se o filme acontecesse toda uma tensão continua no primeiro ato e na hora de costurar o detonante para que o Clímax venha como um soco no estomago, ao meu ver ele fica no meio do caminho e até mesmo não tendo grande impacto a virada no roteiro por si só, mas sim pela criatividade do que fora criado a partir da tensão e mistérios.
Isso não diz respeito a qualidade cinematográfica do longa, mas sim um vicio e até mesmo lugar comum que o diretor viera, sendo ele as esquetes. Eu penso nesse filme como algo blocado que você sente bastante esse peso na construção de atos e como os interliga para com a construção da trama inteira, fazendo com que tenha vários momentos entre um ato e outro que você simplesmente não sente nada e tampouco se lembra.
Para além, consigo enxergar, na mesma logica de que ele estava com a cabeça vinculada as esquetes (que ele mesmo protagonizava com Keegan-Michael Key, um personagem espelhado em uma realidade fantasiosa que Peele já deixava claro quais eram suas inspirações fantásticas e em como ele enxerga os personagens dele como ele mesmo, ou até mesmo como um personagem “orelha” que muito tem a se dizer quando você sobrepõe a visão de de alguém que pode estar influenciado ou não sobre a logica mercadológica em que Peele está. Que mesmo com os olhos abertos, pode ter sua realidade influenciada e tornando ainda mais vivido o roteiro de Get Out como um recado para ele mesmo, dado seus próximos trabalhos.
Corra! não deixa de ser um ótimo filme, que catapultou o nome de Peele para um hall de diretores estrelados e que muito se tem a esperar dada a criatividade e a maneira com que ele flerta com vários gêneros da maneira mais orgânica possível. E por mais que eu tenha uma experiência agradável com o longa, ao final fiquei com uma sensação de fadiga como se o filme durasse até mesmo mais do que sua pequena duração de 1hr44m. Cômico e criativo. Memorável, mas pelo motivo errado.