Piratas utilizam drones para atacar embarcações e roubar combustíveis em rios no Amazonas

A pirataria fluvial no Amazonas alcançou um novo patamar de sofisticação tecnológica. Criminosos que atuam nos rios da região estão utilizando drones para monitorar embarcações, especialmente balsas que transportam combustíveis, principal alvo das quadrilhas. A denúncia foi feita por Galdino Alencar, presidente do Sindarma (Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial do Estado do Amazonas), durante o Fórum Segurança nas Operações Aquaviárias no Norte do Brasil, realizado em Manaus, em parceria com o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP).

“Nos últimos meses estamos recebendo cada vez mais esta notificação das tripulações. É mais um problema que temos que enfrentar, uma vez que os piratas estão utilizando vários drones simultaneamente para inspecionar as balsas, a carga transportada e ameaçar os tripulantes, inclusive no período noturno”, declarou Galdino. Segundo ele, os bandidos combinam o uso de aeronaves não tripuladas com armamento pesado e barcos de alta velocidade para abordar as embarcações e render as tripulações.

Embora Galdino não tenha especificado o número de ataques registrados em 2024 ou no primeiro trimestre deste ano com o uso de drones, dados do Sindarma revelam a gravidade do problema em anos recentes. Entre outubro de 2020 e dezembro de 2023, piratas roubaram 7,7 milhões de litros de combustíveis, gerando um prejuízo de R$ 48 milhões. Nesse período, os ataques cresceram 105% em comparação com anos anteriores. Apenas nos três primeiros meses de 2025, foram subtraídos 4 milhões de litros, segundo informações apresentadas em reunião do governo federal no início de abril.

Medidas de defesa e conflitos constantes

Diante da escalada da violência, as empresas transportadoras, com apoio das distribuidoras de combustível, adotaram escoltas armadas privadas para proteger as balsas. “Desde que as transportadoras, com apoio das distribuidoras de combustível, implantaram as escoltas armadas privadas para acompanhar as embarcações, o sucesso das quadrilhas foi reduzido drasticamente, mas isso não significa que as tentativas e ameaças acabaram. As trocas de tiros são quase diárias e agora com o uso dos drones, a situação fica mais complicada”, explicou Galdino.

Os confrontos frequentes evidenciam a ousadia dos piratas, que não hesitam em usar táticas violentas, incluindo espancamentos de tripulantes, conforme relatado por autoridades. Além disso, a presença de dragas de garimpo ilegal no Rio Madeira agrava o cenário. “Estimativas apontam que apenas no Madeira existam duas mil dragas em operação neste momento e a maioria em situação irregular. Algumas posicionadas no canal de navegação”, destacou o presidente do Sindarma, apontando mais um obstáculo à segurança do transporte aquaviário.

Resposta legislativa e mobilização federal

A crescente ameaça da pirataria fluvial mobilizou o poder público. Na Câmara dos Deputados, o deputado federal Saullo Vianna (AM) apresentou o Projeto de Lei 2190/24, que propõe aumentar de 30% a 50% a pena para roubos de cargas transportadas por rios e lagos. Atualmente, esse crime prevê prisão de quatro a dez anos e multa, mas, se aprovado, o tempo máximo de reclusão pode chegar a 13 anos. O projeto aguarda análise na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania antes de seguir ao plenário.

Enquanto isso, o governo federal também entrou em ação. No dia 2 de abril, representantes dos Ministérios da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e de Portos e Aeroportos reuniram-se em Brasília para estruturar um programa de segurança nos rios da Região Norte. Dados apresentados no encontro estimam que o prejuízo anual causado por furtos e roubos de cargas em rios amazonenses alcance R$ 100 milhões.

O secretário-executivo do MJSP, Manoel Carlos de Almeida Neto, defendeu a ampliação do papel das forças federais no combate ao crime nas hidrovias. “Isso inclui o patrulhamento das hidrovias do nosso país, que servem, muitas vezes, de porta de entrada para os mais diversos crimes”, afirmou. A proposta prevê maior atuação da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF), além de integração entre tecnologia, segurança e concessões hidroviárias.

Um futuro seguro para os rios?

A combinação de drones, violência armada e garimpo ilegal transformou os rios do Amazonas em palco de uma guerra logística. Para o setor produtivo e as comunidades que dependem do transporte fluvial, a expectativa é que as medidas em curso — do reforço policial à modernização das hidrovias — tragam segurança e eficiência. Enquanto isso, tripulações e empresas seguem em alerta, enfrentando diariamente os piratas que dominam as águas com tecnologia e ousadia.

Redação Update

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