Nesta quarta-feira, 11 de setembro de 2024, o mundo relembra o 23º aniversário dos atentados terroristas que mudaram o curso da história global. Naquela manhã, em 2001, quatro aviões comerciais foram sequestrados por membros da Al-Qaeda, sendo utilizados em ataques coordenados contra os Estados Unidos. Embora as imagens mais lembradas sejam as das torres gêmeas do World Trade Center desmoronando em Nova York, os ataques também atingiram o Pentágono e poderiam ter causado ainda mais destruição se não fosse pela resistência heróica de passageiros em um dos voos.
Mais do que as Torres Gêmeas
O 11 de setembro não foi apenas uma tragédia em Nova York. Além do impacto catastrófico nas torres gêmeas do World Trade Center, o terceiro avião sequestrado foi lançado contra o Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, no estado da Virgínia, às 9h37 da manhã, matando 184 pessoas. Esse ataque atingiu o coração militar do país, chocando o mundo pela audácia e magnitude dos atentados. No total, mais de 2.700 pessoas perderam a vida apenas no World Trade Center, sendo a maior concentração de vítimas civis dos atentados.
O quarto avião, o voo 93 da United Airlines, foi derrubado em um campo aberto na zona rural de Shanksville, Pensilvânia, após os passageiros tentarem impedir que os sequestradores executassem seus planos. A queda do avião aconteceu às 10h03, e acredita-se que o alvo original dos terroristas poderia ser a Casa Branca ou o Capitólio. A coragem desses passageiros, que sacrificaram suas vidas, evitou uma tragédia ainda maior. Esses atos heroicos passaram a simbolizar a resiliência e a força do espírito humano diante do terror.
Heróis do voo 93
O voo 93 é lembrado como um exemplo emblemático de coragem e sacrifício. Os passageiros, informados dos ataques em Nova York e Washington D.C., usaram telefones de bordo e celulares para se comunicar com seus entes queridos. Sabendo que seu avião também estava sendo usado em um ataque suicida, eles decidiram agir. Thomas Burnett, Jr., um dos passageiros, ligou várias vezes para sua esposa, dizendo que ele e outros a bordo estavam se organizando para confrontar os sequestradores.
Todd Beamer, outro passageiro, ficou conhecido pela frase “vocês estão prontos? Vamos lá”, dita momentos antes de ele e outros passageiros tentarem retomar o controle do avião. Graças à sua coragem, o voo 93 nunca chegou a seu destino previsto pelos terroristas, salvando inúmeras vidas. Embora todos a bordo tenham morrido, os atos desses heróis continuam sendo celebrados como um exemplo de bravura em um dos dias mais sombrios da história.
Vítimas além do ataque
O número oficial de vítimas dos ataques de 11 de setembro é de 2.977, mas esse número cresceu nos anos seguintes devido aos efeitos secundários da tragédia. Além dos que perderam suas vidas nos ataques imediatos, os bombeiros, policiais e trabalhadores de resgate que atuaram nas operações em Nova York foram expostos a substâncias tóxicas, como amianto e outros poluentes liberados pela queda das torres. Muitos desenvolvem, até hoje, problemas de saúde graves, como doenças respiratórias e câncer.
A advogada Felicia Dunn-Jones, que sobreviveu aos ataques, morreu cinco anos depois devido à inalação do pó tóxico gerado pela destruição do World Trade Center. O caso dela foi oficialmente reconhecido como uma morte relacionada aos atentados. Outros, como Leon Heyward e Jerry Borg, também morreram após desenvolverem doenças associadas à exposição aos destroços. Essas vítimas posteriores destacam que o impacto dos ataques foi muito além daquele fatídico dia, afetando a vida de sobreviventes, socorristas e suas famílias de maneira profunda e duradoura.
Impactos econômicos e geopolíticos
Os ataques de 11 de setembro não trouxeram apenas uma perda devastadora de vidas, mas também geraram danos econômicos de proporções monumentais. Estima-se que as perdas econômicas nas semanas seguintes tenham alcançado até 123 bilhões de dólares. Empresas que tinham escritórios no World Trade Center e nas redondezas foram forçadas a se realocar, eventos foram cancelados, e o tráfego aéreo sofreu uma queda drástica devido ao medo de novos ataques.
Os danos ao World Trade Center e à infraestrutura ao redor, incluindo o metrô de Nova York, foram calculados em cerca de 60 bilhões de dólares. Além disso, a indústria de seguros teve que pagar cerca de 9,3 bilhões de dólares em indenizações às empresas afetadas. O Congresso dos EUA aprovou rapidamente pacotes emergenciais, incluindo um fundo anti-terrorismo de 40 bilhões de dólares e um pacote de resgate de 15 bilhões de dólares para as companhias aéreas, que enfrentavam sérias dificuldades financeiras após a tragédia.
Esses danos econômicos foram seguidos por uma série de mudanças geopolíticas. A partir do 11 de setembro, a segurança interna dos EUA foi completamente reformulada, culminando na criação do Departamento de Segurança Interna (Homeland Security), em novembro de 2002. A atenção ao terrorismo global também cresceu exponencialmente, influenciando a política externa de diversas nações e mudando a dinâmica das relações internacionais.
O ataque levou a duas guerras diretas
Os atentados de 11 de setembro serviram como justificativa para a chamada “Guerra ao Terror”, que resultou em duas grandes intervenções militares dos Estados Unidos: a invasão do Afeganistão, em 2001, e a invasão do Iraque, em 2003. O Afeganistão foi o primeiro alvo após os ataques, com o governo de George W. Bush autorizando uma ofensiva para desmantelar a Al-Qaeda e remover o Talibã do poder. A guerra no Afeganistão se prolongaria por 20 anos, com um custo humano e financeiro enorme, terminando apenas em 2021 com a retirada das tropas americanas e o retorno do Talibã ao controle do país.
Em 2003, os EUA invadiram o Iraque sob a acusação de que o regime de Saddam Hussein possuía armas de destruição em massa e mantinha ligações com a Al-Qaeda, acusações que nunca foram comprovadas. A invasão levou à queda do regime de Hussein, que foi capturado e executado em 2006. As guerras, no entanto, não apenas ampliaram o foco da “Guerra ao Terror”, como também deixaram um legado de instabilidade na região e fomentaram o surgimento de novos grupos extremistas, como o Estado Islâmico.
Os gastos com a Guerra ao Terror são ainda maiores
As guerras no Afeganistão e no Iraque tiveram um custo exorbitante para os Estados Unidos, tanto em termos financeiros quanto humanos. O governo americano estimou que só a guerra no Afeganistão custou mais de 1 trilhão de dólares. Estima-se que, somando os conflitos no Afeganistão, Iraque e outras operações militares relacionadas à “Guerra ao Terror”, o custo total pode ter chegado a 8 trilhões de dólares.
Além dos gastos militares diretos, esse valor inclui os custos futuros com os veteranos de guerra, muitos dos quais retornaram com problemas de saúde física e mental que precisarão de tratamento contínuo. Apenas os cuidados médicos para esses veteranos podem custar cerca de 2,5 trilhões de dólares até 2050. Também é preciso considerar os juros pagos pela dívida acumulada para financiar essas guerras, que contribuem ainda mais para esse cálculo astronômico.