A Câmara Municipal de Manaus (CMM) aprovou o Projeto de Lei nº 150/2024, de autoria do vereador Rosinaldo Bual (Agir), que inclui o Dia da Mulher Indígena no calendário oficial do município. A proposta estabelece o 5 de setembro como data comemorativa anual e agora segue para sanção do prefeito David Almeida (Avante).
A escolha do dia 5 de setembro faz referência à líder indígena Bartolina Sisa, do povo Quéchua, executada em 1782 por sua atuação na resistência contra a dominação espanhola na região andina. A data já é reconhecida internacionalmente desde 1983 como o Dia Internacional da Mulher Indígena.
O projeto visa valorizar o papel das mulheres indígenas na sociedade, reconhecendo suas contribuições na preservação cultural, na defesa dos direitos de seus povos e na promoção da igualdade de gênero. Em todo o Brasil, as mulheres indígenas têm se destacado em áreas como saúde, educação, sustentabilidade, meio ambiente e mobilização social.
Em Manaus, esse protagonismo se reflete no cotidiano de comunidades indígenas urbanas e rurais. Segundo o Censo 2022 do IBGE, vivem na capital mais de 20 mil indígenas, representando mais de 40 etnias diferentes. Muitas dessas mulheres exercem funções de liderança em suas comunidades e atuam na preservação de saberes tradicionais, da espiritualidade, do idioma e da identidade cultural.
Um exemplo disso é o Parque das Tribos, comunidade indígena urbana localizada na zona oeste da cidade. O local reúne famílias de diversas etnias — como Tukano, Kokama, Tikuna, Sateré-Mawé, Dessana, entre outras — e se tornou símbolo da resistência e da articulação política dos povos indígenas em contextos urbanos. As mulheres que vivem ali têm papel fundamental na organização comunitária, na produção de artesanato, na alimentação tradicional e nas práticas de cuidado com a saúde a partir da medicina ancestral.
A criação do Dia da Mulher Indígena no calendário municipal também contribui para ampliar a visibilidade dessa parcela da população, frequentemente marcada por situações de invisibilidade e violação de direitos. A data se apresenta como uma oportunidade para fomentar ações de conscientização e fortalecer políticas públicas voltadas às mulheres indígenas, especialmente em contextos urbanos como o de Manaus.
Além disso, reconhecer essa data oficialmente é um passo relevante na luta pela preservação das culturas indígenas amazônicas e pela promoção de uma sociedade mais inclusiva e diversa, alinhada com os princípios de respeito aos povos originários e aos seus modos de vida.