Cine Set lança livro celebrando 10 anos de crítica cinematográfica no Amazonas Principal portal de cinema e séries da Região Norte, o Cine Set se prepara para lançar, nesta quinta-feira (30), um livro reunindo alguns dos principais textos publicados ao longo de sua trajetória. Intitulada Cine Set e a Crítica Cinematográfica no Amazonas – Um Novo Capítulo, a obra também marca os dez anos do site, que surgiu como um projeto de extensão da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). O lançamento acontecerá às 19h, no Casarão de Ideias, em Manaus (Rua Barroso, nº 279, Centro). Segundo o jornalista e editor-chefe do Cine Set, Caio Pimenta, o livro foi estruturado em três capítulos. O primeiro traz entrevistas com nomes que vão de artistas locais, como Isabela Catão, a figuras internacionais de peso, como Martin Scorsese, Sofia Coppola e Stephen Rea. Também estão presentes conversas com profissionais que trabalharam na Amazônia, como Sérgio Machado e Sophie Charlotte. O segundo capítulo foca no cinema nortista, destacando produções emblemáticas da região que tiveram relevância em festivais, como Manaus Hot City e Alexandrina – Um Relâmpago. Já o terceiro capítulo traz um panorama mais amplo, reunindo artigos e críticas de filmes brasileiros e internacionais. “Esse trecho do livro reflete bem a diversidade do site, abordando desde a fotografia digital no cinema até homenagens a cineastas como Jean-Luc Godard e críticas de clássicos como Farrapo Humano, além de sucessos recentes como Motel Destino”, explica Pimenta. A coletânea conta com textos de diversos críticos que passaram pelo Cine Set, incluindo Camila Henriques, Danila Areosa, Lucas Lopes Aflitos, Lucas Pistilli, Lorenna Montenegro, Marcos Faria, Susy Freitas e Walter Fernandes, entre outros. Evolução da crítica cinematográfica Comparando essa nova publicação com a coletânea anterior, lançada em 2019, Pimenta destaca uma evolução significativa na abordagem crítica da equipe. “Hoje, nosso olhar está mais apurado, não apenas na análise técnica dos filmes, mas também na compreensão do contexto mais amplo das obras. Estamos mais atentos aos movimentos da indústria, à inserção dos filmes em seus gêneros e ao seu impacto no cinema como um todo, fomentando debates e novas perspectivas”, avalia. Entre os textos que considera mais marcantes, Pimenta cita cinco em especial: a entrevista de Camila Henriques com Martin Scorsese e a equipe de Assassinos da Lua das Flores; os textos sobre A Estratégia da Fome, que geraram um debate interno entre os críticos Marcos Faria e Renildo Rodrigues; e as análises Adeus a Godard e Dias Perfeitos, que se aproximam do formato de crônica. A crítica Camila Henriques, que vota no Globo de Ouro, também aponta sua resenha sobre Motel Destino como um dos destaques do livro. “Escrevi esse texto durante a cobertura do Festival de Cannes, na França. Foi um momento muito marcante para mim, ainda mais porque o filme tem a atriz amazonense Isabela Catão no elenco. Foi uma experiência especial”, relembra. Henriques também menciona a emoção de participar de coletivas de imprensa internacionais, incluindo uma em que Jesse Plemons respondeu a uma de suas perguntas e outra com Sofia Coppola e Cailee Spaeny, onde pôde questionar a diretora sobre a trilha sonora do filme Priscilla. Por fim, a crítica ressalta a evolução perceptível nos textos desta nova coletânea. “Se passaram cinco anos desde o primeiro livro, e nesse meio tempo vivemos uma pandemia, o que nos transformou como pessoas e, consequentemente, impactou nossa escrita. Além disso, muitos membros do site entraram na Abraccine e tiveram a oportunidade de cobrir festivais dentro e fora do Brasil, o que trouxe uma maturidade visível ao nosso trabalho”, conclui.
Jornal Francês Exclui 21 Mil Comentários de Brasileiros Após Polêmica com Crítica de ‘Ainda Estou Aqui’
O correspondente brasileiro do jornal francês Le Monde, Bruno Meyerfeld, abordou em sua coluna de segunda-feira (27) a intensa repercussão gerada por uma crítica negativa ao filme “Ainda Estou Aqui”, publicada pelo jornal. Na coluna intitulada “Carta de São Paulo”, Meyerfeld destaca como o longa “desperta paixões” no Brasil. Ele relata que, em 15 de janeiro, o Le Monde foi surpreendido por uma enxurrada de comentários após o crítico Jacques Mandelbaum descrever o filme como “hierático” e classificar a atuação de Fernanda Torres como “bastante monótona”. Segundo Meyerfeld, a crítica foi duramente rebatida após Fernanda Torres ganhar o Globo de Ouro de Melhor Atriz de Drama e ser indicada ao Oscar na mesma categoria, enquanto o filme de Walter Salles concorre ao prêmio de Melhor Filme e Melhor Filme Internacional. Uma avalanche de reações O correspondente revelou que o Le Monde nunca havia enfrentado uma reação de tal magnitude. Em apenas dois dias, o jornal teve que apagar cerca de 21.600 comentários ofensivos, a maioria no Instagram. Para efeito de comparação, em tempos normais, o número diário é de aproximadamente 700. Os comentários iam de engraçados a ofensivos, alguns com teor machista ou até preconceituoso, incluindo ataques aos franceses, como chamá-los de “porcos que nunca tomam banho”. Meyerfeld também relata teorias conspiratórias levantadas por brasileiros, que acusaram o Le Monde de favorecer o filme francês “Emilia Pérez”, de Jacques Audiard, concorrente direto de “Ainda Estou Aqui” no Oscar. Para muitos brasileiros, seria “impossível” não gostar de um filme que aborda temas tão profundos em um Brasil marcado pelas consequências do governo de Jair Bolsonaro. Contexto histórico e político A crítica de Mandelbaum menciona que Bolsonaro demonstrava “ódio visceral” por Rubens Paiva, ex-deputado que morreu sob tortura durante a ditadura militar. Esse pano de fundo histórico é parte central da narrativa de “Ainda Estou Aqui”, que retrata a tragédia de uma família brasileira. Eduardo Morettin, professor de cinema da USP, elogia o longa por universalizar o destino da família Paiva e unificar o público contra o revisionismo histórico. “O filme cumpriu um papel importante ao unir espectadores em torno de uma memória coletiva”, afirmou. Reações favoráveis ao filme A atuação de Fernanda Torres, descrita por Meyerfeld como uma das atrizes mais queridas do Brasil, foi amplamente celebrada. Críticos como Isabella Faria e Inácio Araújo destacaram aspectos positivos do filme, enquanto influenciadores como Chavoso da USP ofereceram análises equilibradas. Apesar da controvérsia, os produtores de “Ainda Estou Aqui” afirmaram estar satisfeitos com o debate, considerando-o parte de um diálogo saudável sobre diversidade de opiniões. Por fim, o roteiro do filme reconhece o papel crucial desempenhado pelo Le Monde durante a ditadura militar brasileira, ao oferecer voz à oposição e à resistência dentro e fora do país. A controvérsia, segundo Meyerfeld, apenas reafirma a relevância do longa na cena política e cultural contemporânea.
Sons Invisíveis e o medo do olhar contemporâneo – Ataques Psicotrônicos (2024) Review
Tô com a Tati Regis forte nessa, de como a experimentação de Calebe Lopes, aqui mais formalizada pela já experiente visão do fazer filme e pensar aquele universo da maneira mais vivida possível é de brilhar os olhos. Eu nesse exato instante me encontro naquele frenesi de ter assistido algo que levou você a lugares extrafilmicas sejam de debates (que eu mesmo já tivera com o diretor), sejam das referencias tecidas pelo diário do seu Letterboxd me fazendo lembrar de quando o mesmo reassistiu Scanners do Cronenberg e fiquei pensando com meus botões se teria algo a ver com ataques, e não é que tinha mesmo. É a maior vontade do mundo de contar essa história a partir daquelas vivências sem que as convenções narrativas sejam alocadas como um agente introdutório. O filme começa com uma cena brilhante que me arrancou um sorriso de ponta a ponta pensando o quanto o diretor se divertiu idealizando e realizando tal cena, que consegue elucidar toda sua problemática na superfície, e daí sim vai meio que desarmando os personagens em um jogo psicológico inigualável de duas figuras que são consideras boas no que fazem, deixando a compreensão pelo heterogêneo de lado, e quando falo isso não é ligado a pluralidade, é mais uma maneira que encontrei de definir o que um e outro defende. É quase um “ciência vs religião” a partir do onírico, que vai brincando no tete a tete de duas pessoas completamente diferentes, interligadas pela fantasia que os permeia naquele microcosmo. Fantasia essa usada na lírica fazendo nossa mente viajar mundo a fora não só tecendo referências, mas sim dessa autoindulgência humanista, os fragalhos da sociedade como indivíduo, que busca na sua vivência a respostas do problema do outro. Porque simplesmente não entender a pessoa para , aí sim atestar, mesmo que clinicamente o próximo? E mesmo com todos os aparatos irreparáveis dessa busca pela tal resposta, damos de encontro com esse lado da verdade absoluta, gerando mais medo e afastamento social, que satisfação e até mesmo a sensação de completude do ser. De saber mais, de entender e ressignificar signos mesmo que esbarrem em nossos obstáculos mentais e sociais. A um dia atrás assisti Peixe Vermelho (2009) da Andréia Vigo que ficou famoso agora por ter a aparição de um diretor (que me surpreendeu bastante). O curta também gostei mas a interligação que fiz enquanto assistia ataques, era essa brincadeira na decupagem e montagem, as tornando uma só que faz com que a produção seja extremamente fluida, na sua mixagem de som. Assisti em um release 4k lindíssimo com um fone da Havit ( a quem for conhecedor, a versão HV-H2002d) que acredito ter algo ligado ao Hi-Hes, visto que transmite bem quando assisto algo em 5.1. Aqui fazendo uma diferença absurda, que se eu estivesse o assistido em algum alto-falante externo (se eu tivesse soundbar seriam outros five hundred) não seria a mesma coisa. Falo isso pois é ali que mora o horror dentro de ataques, no escutar e não ver, no sentimento inquietante de olhos te observando e vozes que você não consegue materializar. São alexas, cortanas e Siris. Sou um aficionado em BBB (esse ano morreu o programa de vez. O 25, caso esteja lendo em outro tempo), esse ano vi umas retrospectivas de outros anos do reality e me peguei pensando que antes era um medo real das pessoas serem observadas pelos olhos do grande irmão e o quanto isso era uma novidade. Hoje em dia se torna o medo menos palpável dessa ideia do Big Brother, e tampouco é o chamariz do programa, que antes quando ia pros comerciais tinha um lance de guitarra e um barulho de estalo imitando o som de um olho piscando e o quanto isso era importante pra aquilo acontecer. Como estamos acostumados a sermos observados, não?! Como isso virou basicamente o que nos une como sociedade, acompanhar diariamente pessoas se expondo na internet e (uma) das muitas maneiras de se viver no meio da comunicação. Sabe as expressões “tesudo” e outos “zudos” nessas gírias que inventamos para tirar o lugar comum da linguagem formal. Ataques Psicotrônicos eu terminei o filme e pensei “amei ataques psicotrudos”, e por assim vou me referir a ele quase com um vulgo, de um cineasta que quero muito assistir um longa.
Ainda estou Aqui desponta indicações no Oscar 2025 incluindo melhor filme; Veja indicados:
A Academia de Hollywood divulgou nesta quinta-feira, 23, os indicados à 97ª edição do Oscar. O anúncio aconteceu uma semana depois da data inicialmente marcada, que foi adiada por causa dos incêndios que tomaram Los Angeles. A tradicional premiação do cinema acontece no dia 2 de março. Em uma transmissão online apresentada por Bowen Yang (“Wicked” e esquetes do Saturday Night Live) e Rachel Sennott (“Shiva Baby”). Inicialmente, os nomeados seriam revelados pela Academia em 17 de janeiro, mas a data foi alterada devido aos incêndios em Los Angeles. Na abertura, os integrantes da Academia falaram sobre os incêndios de Los Angeles e falaram sobre como a região é “resiliente” e como a premiação sempre reuniu a comunidade. Confira a lista completa de indicados ao Oscar 2025: Melhor Ator Coadjuvante Melhor Figurino Melhor Cabelo e Maquiagem Melhor Trilha Sonora Original Melhor Curta-Metragem em Live-Action Melhor Animação em Curta-Metragem Melhor Roteiro Adaptado Roteiro original Melhor Atriz Coadjuvante Melhor Canção Original Melhor Documentário Melhor Documentário de Curta-Metragem Melhor Filme Internacional Melhor Animação Melhor Design de Produção Melhor Edição Melhor Som Melhores Efeitos Visuais Melhor Fotografia Melhor Ator Melhor Atriz Melhor Direção Melhor Filme
Narrativas postas em crise em prol de vazio estético como identidade visual / Nosferatu (2024) Review
Minha experiência com esse remake de Nosferatu foi um tanto quanto curiosa, um emaranhado de emoções que iam e viam, mas parecia nunca ser tão esclarecedor se eu estava ou não gostando do que estava assistindo, e dado momento em que o seguimento do barco e as várias vítimas daquela sequência são mostradas finalmente algo saltou o marasmo por mais que apuradíssimo de uma beleza esterilizada, sofrendo demais em como concretizar suas ideias sem que se escore nas suas obras anteriores do personagem. E depois dessa primeira metade do filme , que é basicamente um cópia e cola mais para o filme de Herzog de 1979 do que propriamente do de 1922, vemos uma outra roupagem dando vez a um cinismo indo de encontro ao como de maneira cadenciada vai pondo as ideias e debates cíclicos voltados ao patriarcado, ao olhar masculino e submissão só que de uma maneira mais frontal deixando aqui suas bases transbordarem, para além das obras originais do vampiro, como também O Exorcista para tatear esse profano pra si, esse horror corpóreo (não corporal) da fisicalidade como a maneira de tratar o horror a partir da inquietude. Por mais que contraposições em crise sejam pontuais e evidentemente compostas por sequências todas cheias de energia, faz com que se torne dissonante quando o resto da trama não acompanha a mesma intensidade. É como se fossem imagens e mais imagens morrendo a cada segundo em prol da narrativa que horas não vai necessariamente comunicar algo que você está assistindo. São justaposições muito abruptas, mesmo que tenhamos tempos de ver essas imagens, são incomunicáveis, perdendo potência a cada take em que cenas são descartadas. Em contraponto, reitero o quanto amo quando ele usa o corpo para alimentar essa trama da submissão, com uma Lily Rose Depp estupenda em seu papel que entende não só seu lugar argumentativo de que tipo de atuação ela está, mas de como dar fluidez a decadência psicológica da sua personagem fazendo com que ela seja os olhos, a alma e o coração dessa trama. Um filme de possessão bem interessante quando pensamos nas inúmeras abordagens que esse mesmo personagem já tivera. Os planos aqui são usados das piores maneiras possíveis visto que Eggers está incessantemente tentando evocar e acenar as obras anteriores do personagem só que nessa escuridão e mistério desinteressante quanto a imagem da criatura. E o mais frustrante nisso tudo é que nada sai disso ficando apenas pedante e quase infantil essa narrativa que vezes quebra o filme pra tentar de alguma maneira criar esse personagem sem mostra-lo. Uma escolha um tanto quanto errônea visto que nada se é usufruído a partir desse suspense em torno da imagem da criatura. Nosferatu do Eggers são como imagens desbalanceadas por uma vontade meio egocêntrica de passar a sua identidade visual como principal forma narrativa fazendo seu filme pender a algo pedante de alguém em seu longa experimental para a faculdade com muita dificuldade em tratar planos como narrativa, entregando um filme sem tom aparente e uma decupagem bagunçada com momentos muitíssimos pontuais onde o diretor consegue tirar o filme do marasmo estético. A maior força de Nosferatu está em parte do elenco (quando se há espaço e tempo para tais), quando o filme consegue se tornar um universo próprio da tal urgência que ele quer imprimir nas varias formas da criatura atormentar o coletivo evocando o cinema gótico antes já trabalhado por outros 3 diretores diferentes fazendo com que aqui só pareça um grande copia e cola de contraposições cínicas em que mesmo que algumas coisas são postas em crise, logo são esvaziadas pela não habilidade de conseguir manter todas as portas abertas de vários assuntos interessantes. Fica tudo no imaginário.
Filme de Jogo de terror Until Dawn do PlayStation ganha teaser trailer
A adaptação cinematográfica do popular jogo Until Dawn acaba de divulgar seu primeiro teaser trailer, oferecendo aos fãs um vislumbre das primeiras imagens e um pouco do que acontece nos bastidores da produção. O clipe está disponível acima. O longa será estrelado por Maia Mitchell (Nosso Último Verão), Belmont Cameli (A Caminho do Verão), Peter Stormare (Prison Break, Deuses Americanos), Ella Rubin, Michael Cimino, Ji-young Yoo e Odessa A’zion. A direção ficará a cargo de David F. Sandberg, conhecido por Shazam! e Annabelle 2: A Criação do Mal, enquanto o roteiro é de Gary Dauberman, que trabalhou em It: Capítulo Dois e A Freira. O jogo original, lançado em 2015 para PlayStation, se destacou por sua narrativa de terror, onde as escolhas dos jogadores influenciam diretamente o destino dos personagens, permitindo que alguns sobrevivessem ou morressem permanentemente. Esse conceito inovador inspirou outros títulos a adotarem mecânicas semelhantes. A estreia do filme está marcada para o dia 25 de abril de 2025 nos cinemas.
Sol de Inverno (My Sunshine) 2024 -Review
Sol de inverno é um filme que conquista pelo poder das imagens e pela forma como a estética visual se torna uma extensão da narrativa. A câmera não apenas registra os movimentos dos personagens; ela os acompanha com graça, transformando cada sequência em uma dança que transcende palavras. As cenas de patinação no gelo são um espetáculo à parte, onde o corpo em movimento se torna poesia visual, enquanto a luz reflete delicadamente no gelo, criando um cenário quase etéreo. Há uma beleza palpável na forma como o filme utiliza os recursos visuais para contar sua história. A fotografia brinca com luzes e sombras, alternando entre tons frios e quentes conforme os personagens avançam em sua jornada emocional. Pequenos detalhes – o reflexo de um sorriso em uma janela embaçada, o brilho de um amanhecer no gelo – dizem tanto quanto os diálogos, se não mais. O ritmo do filme é cadenciado, como uma coreografia que se desenrola com cuidado. Esse tempo lento permite que o espectador mergulhe nas emoções dos personagens, criando uma conexão silenciosa, mas profunda. As transições sutis entre planos mais fechados e panorâmicos traduzem a intimidade e a grandiosidade das relações e do esporte, conferindo ao filme uma atmosfera tanto pessoal quanto universal. No entanto, o roteiro, embora competente, às vezes é eclipsado pela força das imagens. Há momentos em que a narrativa se apoia demais no visual e deixa de explorar algumas camadas emocionais dos personagens. Essa escolha pode dar a impressão de que algumas partes da história ficam aquém de seu potencial, especialmente quando comparadas à riqueza da direção de arte e da cinematografia. Sol de Inverno é, acima de tudo, um filme para ser sentido. Ele emociona não apenas pelo que é dito ou feito, mas pela forma como cada quadro é cuidadosamente construído para capturar a essência dos sentimentos que deseja transmitir. É uma celebração do cinema como arte visual, onde cada imagem carrega em si a força de uma narrativa inteira.
Incêndio em Los Angeles: Impactos em Hollywood e na Indústria do Entretenimento
Nos últimos dias, três grandes incêndios florestais atingiram Los Angeles, gerando preocupação entre os moradores e impactando diretamente a rotina de Hollywood. Diversos eventos foram adiados ou cancelados devido à situação de emergência. Entre os cancelamentos, está a exibição especial de Ainda Estou Aqui, organizada pela Sony Pictures, que contaria com a presença de Guillermo del Toro, Walter Salles e Fernanda Torres. Estúdios como Paramount, Universal Pictures e Amazon MGM Studios também confirmaram a suspensão de todas as sessões programadas para a noite. Estreias aguardadas, como Better Man, Lobisomem e Unstoppable, terão suas datas redefinidas. “Devido às perigosas condições em Los Angeles, estamos cancelando a pré-estreia de Better Man”, declarou um porta-voz da Paramount. “Nossa solidariedade está com todos os afetados pelos incêndios devastadores. Pedimos que sigam as orientações de segurança das autoridades locais e busquem lugares seguros”, concluiu. A situação tem levado muitos moradores a evacuarem suas casas. Desde a madrugada do dia 8, bombeiros enfrentam dificuldades para conter as chamas, que seguem fora de controle. Estima-se que mais de 10 mil residências estejam em risco, com os incêndios intensificados pelos fortes ventos que atingem a região. Especialistas alertam que esta pode ser a pior tempestade de ventos em uma década e que o cenário pode se agravar nos próximos dias.
Falsas verdades como alicerce social – Jurado número 2 (2024) Review
É inebriante o quanto Eastwood renega o virtuosismo contemporâneo entregando contravenções e reformas narrativas que são moldadas pelos seus próprios valores humanos e políticos fazendo com que seus personagens sejam personificações afronte das lentes, dos olhares observadores que vão de encontro com o texto apuradíssimo de uma forma materializada do comentário sobre as instituições sociais regidas, guiadas pelo olhar da vida ordinária e sua heterogênea ideológica transmutada pela discurso fúnebre conservador como método para a prática social. Senti como se todos os personagens ali fossem um diálogo clínico da visão/vivência das várias verdades e correlações políticas que Clint passou por todos esses anos montando esse espetáculo esquematizado como uma materialização do seu descontentamento para com a posterioridade alavancada por um retrato prático da sua visão brincando com as várias inverdades constituintes de uma mesma verdade, de vários pontos de vista diferentes não só como diálogo expositivo das inúmeras ferramentas e escolhas narrativas que podem ser tomada, mas sim de criação dessas ideias e ideais. Em Jurado número 2 Eastwood celebra de forma maneirista alguns manejos hitchcockianos que fazem seu filme ficar a margem de uma quase fantasia, mas não pelo intangível, mas sim pelo espetáculo observado de vidas e sua decadência pessoal partindo de ideologias hegemônicas, e logicamente seus fracassos quanto instituições que precisam, não necessariamente tratar as questões sociais como problemas para se resolver a qualquer custo como sim perpetuar o olhar humano sob vidas permeadas pela falta de ética nas tais pedecendo de alicerces comunitários e sociais. A comunicação pelas não respostas lineares de uma sequência confirmatória de algo aqui não existe. Os fatos estão aí e a narrativa brinca bem com seus vários dispositivos como artifícios a se desenrolar essas questões da maneira mais arbitrária possível, como se a verdade, cada vez mais debatida e tida em vista, mesmo que materialmente passando pelos vários tipos de julgamento dentro do júri levantandos que vão desde preceitos construindo preconceitos, levando a inúmeras falsas verdades de suposições vindas de um olhar moralista do mundo permeando e estacando o julgamento de justiça a apenas especulações descrevendo de maneira quase irônica a injustiça sendo feita. O maior inimigo que Eastwood encontra por aqui em seu filme e que ele trabalha de maneira frontal desde narrativa a artifícios imagéticas com seu personagem e uma fotografia límpida de um suposto mundo “irretocável” e “sem erros” reparando quadro a quadro e diálogo a diálogo essa imagem deturpada dessa sociedade perfeita encontrando seus fantasmas e os exorcizando quase como se fôssemos apenas justiceiros (ou cúmplices) disfarçados de espectadores que sabemos tudo que está em jogo e quem pode mudar esse jogo, mas não podemos fazer nada. Essa impressão e enclausuramento da verdade que você detém, mas necessariamente não pode expor e tampouco fazer com que ela seja feita à vontade da justiça, Clint carrega como ninguém essas especulações em prol de uma aventura democrática e cheia de desdobramentos cavando cada vez mais fundo não no caso que estamos acompanhando, mas todo seu contexto social e político, que com certeza vai ditar tudo mais que seu júri, suas ambiguidades e inverdades contrárias ao pensamento comum da necessidade de resposta, do certo, e de fazer seu trabalho, mas a que custo? A palavra chave para Jurado número 2 é conciso. Não por sua extrapolação textual para contar sua historia a partir de diálogos e discussões inconclusivas, mas sim de tomar pra si a verdade no seu personagem principal como um contra-balanço da justiça e de como a busca incessante de uma falsa verdade reflete de maneira límpida a desconstrução do homem de família e o formador patriarcal de ideias “corretas” e correlatas.
Conto de Fadas Humanista cômico – Review Anora (2024)
Lindo como Sean Baker imprime de maneira humanista da sua visão de como imagina Uma linda Mulher e as retóricas arbitrárias desfragmentando o discurso meritocrático enfadonho embrulhado com um mundo regido pelo patriarcado e o capitalismo voraz em que nada se foge da lógica mercadológica só que aqui articulada nesse microcosmo vivo do tipo de linguagem usada por Baker humanizando seus personagens que fazem o fluxo de acontecidos ser sufocante o suficiente para entrarmos naquela desventura de cabeça. A maneira como Anora não só fomenta e concretiza a abordagem e visão de mundo do diretor como narrativa e decupagem mas desarticula e transforma uma roncom fantasiosa com tons aveludados do sexo como moeda de troca ao rápido estralo do retorno a realidade ordinária em que nada se merece e nada vai cair do céu sem que lhe custe a vida e deixá-la em frangalhos difíceis de costurar novamente. Uma realidade dura daqueles personagens pós não limitação da curtição, do mundano que faz a fluidez mesmo que com personagens detestavelmente adoráveis pelo olhar complexo de camadas interpessoais do cinema de Baker, de forma uma sequência onírica linda de acompanhar. O conto de fadas às avessas e as contravenções transgressoras de um olhar asséptico pelo declínio de uma hegemonia em crise eterna escondendo seus fracassos pelas cores e neons que intimidam e iludem, mas não o mantém vivo, não lhe dão o pão de amanhã e tampouco liga para o seu bem estar. Um eterno looping finito de entrega e não recebimento pelos seus trabalhos, sejam eles quais forem, uma margem da sociedade jogada aos leões da batalha diária desencontrada com o sonho americano como maior alicerce de alcance não para engrandecimento pessoal, mas como status social de uma falsa felicidade de momentos plásticos e com data de vencimento. Os pequenos momentos de ansiedade que Baker propõe em seus filmes nos momentos majoritariamente finais eclodindo suas tramas para status além daquela trama e abrindo o leque para N possibilidades, aqui se dá como extrapolação desse artifício narrativo encontrando um primo muito próximo do recente Joias Brutas e Depois de Horas em que o universo e a América engole a vida dos protagonistas em prol da história com controle predatório nos pondo como quase pervertidos por querer acompanhar tanta desgraça uma atrás da outra, que diferente das obras citadas, aqui o diretor encontra um senso do cômico de uma Screwball que nunca para, que não liga para o destino de seus personagens, como se nem Sean Baker tivesse controle, um caos desconcertado de pessoas quebradas. O maior entendimento dessa abordagem cíclica em que nada se está em status quo nem quando ele cria blocos no seu filme é uma forma mais que fragmentada das várias maneiras de constituir seguimentos diferentes de uma certa espécie de brincadeira, o descontrole narrativo como abordagem e o desenvolvimento a partir do comportamento humano que dá vida as situações e corrobora para um dos melhores filmes do ano firmando Sean Baker como um dos melhores atualmente brincando com seus universos com seus comentários sociais afiados. Mikey Madison se encontra como Ani e deixa essa personagem a maior personificação do proletariado em um fim de semana esbanjado com seu amigo rico de um nível acima do seu na empresa que antes eu tinha presenciado apenas em Falsa Loura e seu conto de fadas mundano com gostinho errático de uma pessoa com trejeitos que moldam suas ações em positivas ou negativas; que aqui em Anora encontra uma quase rejeição pela construção da mesma como se em suma não importasse, e realmente seja esse olhar mais raso pela vida dela a partir de um recorte temporal. A purpurina, o neon e a música estonteante como trilha sonora da vida noturna que desencontra com sua realidade se dá como uma continuidade em rima visual em pequenos momentos ao restante do filme eclodindo na sua melhor forma numa sequência final de arrepiar que reflete o fim de um sonho fantástico de uma vida que não lhe pertence, que você, por definição ideológica, não merece.