A maioria das pessoas nunca terá a oportunidade de ir ao espaço.
— Eu poderia tentar dar a eles um vislumbre através das minhas imagens — disse Pettit durante uma coletiva de imprensa algumas semanas após seu retorno.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/Q/o/StmqYxSnCy1h5wCfSOLA/00sci-space-station2-08-mjqk-jumbo.webp)
Pettit observou que fotógrafos hardcore sempre querem ter uma câmera na mão.
— Eu poderia olhar pela janela e simplesmente apreciar a vista — disse — Mas quando estou olhando pela janela, simplesmente apreciando a vista, é tipo: “Nossa, um meteoro. Nossa. Olha só. Cara, tem um flash ali. O que é isso?” E “Olha só, um vulcão explodindo”. É tipo: “Ok, cadê minha câmera? Preciso registrar isso”.
Às vezes, ele instalava cinco câmeras ao mesmo tempo no módulo de cúpula da estação espacial, onde sete janelas oferecem vistas panorâmicas do espaço e da Terra.
A fotografia espacial costuma ser muito parecida com a fotografia noturna. As estrelas são fracas e são necessárias exposições de segundos ou minutos para coletar fótons suficientes. Mas em órbita, nada fica parado. A estação espacial gira em torno da Terra a 8 km/s, e a Terra também está girando.
Às vezes, Pettit aproveitava o movimento em busca de beleza artística — luzes abaixo se transformando em linhas brilhantes, enquanto as estrelas acima traçavam arcos no céu.
“Acho que são uma mistura de ciência e arte”, escreveu Pettit na plataforma social X. “Há tanta coisa tecnológica para ver, ou você pode simplesmente sentar e pensar: ‘Que legal!'”.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/0/q/Z9AtrcRtWdTCEIb0m5kQ/00sci-space-station2-10-mjqk-superjumbo.webp)
Outras vezes, a câmera era montada em um “rastreador sideral orbital” — um dispositivo caseiro que Pettit trouxe da Terra e que girava lentamente para neutralizar o movimento da estação espacial, de modo que a lente permanecesse apontada para um ponto específico no céu.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/P/b/ewPFJIRKWk7pyATBA5ew/sci-astronaut-photographer-4.jpg)
O rastreador permitiu uma exposição de 10 segundos para capturar uma imagem cristalina da Via Láctea sobre um nublado Oceano Pacífico, pouco antes do nascer do sol. O brilho azul-violeta emerge da dispersão da luz solar pelo nitrogênio na atmosfera terrestre.
Em abril, Pettit gravou um vídeo das pulsações rítmicas etéreas das auroras — a luz brilhante emitida quando moléculas na atmosfera são bombardeadas por partículas de alta energia do sol.
Às vezes, as luzes coloridas eram produzidas por atividades humanas, não por fenômenos cósmicos. As listras verdes em uma imagem são quase da mesma cor das auroras, mas são as luzes usadas pelos barcos de pesca na Tailândia para atrair lulas.
Com sua câmera apontada para a Terra, Pettit registrou relâmpagos na atmosfera superior, acima da Bacia Amazônica, na América do Sul. Para o vídeo, o tempo foi estendido de cerca de 6 segundos para 33 segundos, revelando mais estrutura nos relâmpagos.
Pettit também aproveitou as oportunidades para capturar as idas e vindas de espaçonaves da Terra — incluindo um lançamento teste de um foguete SpaceX Starship do Texas em novembro e a atracação de uma espaçonave SpaceX Dragon transportando carga para a estação espacial em dezembro.
Nas horas vagas, Pettit também criava experimentos científicos divertidos. Um deles mostrava gotículas de água eletricamente carregadas dançando ao redor de uma agulha de tricô de Teflon.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/6/V/0MhgxdSBSmc9mmtuApSA/00sci-space-station-10-hpwc-superjumbo.webp)
— Quero fazer coisas no espaço que só se pode fazer no espaço — disse ele. — E vou me preocupar em assistir a programas de TV e coisas do tipo depois que voltar.
Em outro experimento, ele injetou corante alimentício em uma esfera de água, criando um glóbulo que lembrava um pouco Júpiter ou uma bolinha de gude muito bonita.
Pettit também dissolveu um comprimido antiácido dentro de uma esfera de água. Sem a gravidade para fazer as bolhas subirem e escaparem facilmente da água, os padrões de “plop, plop, fizz, fizz” são completamente diferentes no espaço.
Ele também congelou finas lâminas de gelo de água a -95 graus Celsius. “O que você faria com um freezer desses no espaço?”, escreveu ele no X. “Decidi cultivar finas lâminas de gelo de água simplesmente porque estou no espaço e posso.”
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/K/S/1rJZBqTMqUQ27jJ3aYAw/00sci-space-station-2035-cover-threebytwomediumat2x.jpg)
Fotografar as placas de gelo através de filtros polarizadores revelou padrões cristalinos complexos.
Pettit é o astronauta mais velho da Nasa atualmente, mas não é a pessoa mais velha a entrar em órbita. Esse foi John Glenn, o primeiro astronauta americano a dar a volta à Terra em 1962 e que voou novamente em 1998 no ônibus espacial Discovery, aos 77 anos.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/r/C/yHUEn0RDmk2Eiv5do8kA/sci-astronaut-photographer-6.jpg)
Pettit nem sequer é a pessoa mais velha a passar um tempo na estação espacial. O astronauta particular Larry Connor tinha 72 anos quando passou duas semanas lá em 2022, como parte de uma missão operada pela Axiom Space de Houston.
— Tenho apenas 70 anos, então ainda tenho alguns bons anos pela frente — disse Pettit durante a coletiva de imprensa. — Posso imaginar mais um ou dois voos antes de estar pronto para pendurar meus bicos de foguete.