O Festival Folclórico de Parintins e os bois-bumbás Garantido e Caprichoso foram homenageados, nesta terça-feira (20), com a Medalha da Ordem do Mérito Cultural (OMC), a mais alta honraria concedida pelo Governo Federal ao setor cultural. A cerimônia, realizada no Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro, contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ministra da Cultura, Margareth Menezes, e marcou a retomada da premiação, suspensa desde 2019. Reconhecido como uma das maiores manifestações culturais do país, o Festival de Parintins foi celebrado como símbolo da diversidade, resistência e riqueza artística da Amazônia. A homenagem contemplou tanto o espetáculo quanto as entidades que o tornam possível: os bois Garantido e Caprichoso, representados, respectivamente, por seus presidentes Fred Góes e Rossy Amoedo. “É uma felicidade enorme o Boi Garantido ser agraciado pela OMC. Esse é um reconhecimento à cultura popular, para que todos valorizem sua potencialidade e diversidade”, declarou Fred Góes, que destacou ainda a importância do prêmio para a visibilidade nacional do festival. Rossy Amoedo, presidente do Boi Caprichoso, também celebrou a conquista como um marco para os artistas e trabalhadores da cultura de Parintins. “Parintins alcança lugares cada vez mais especiais através da arte. Dedico essa medalha a todos os nossos artistas, profissionais, fazedores e fazedoras de cultura. Isso aqui é mérito de todos vocês”, afirmou. A cerimônia celebrou ainda os 40 anos de criação do Ministério da Cultura e teve como tema “Democracia e Cultura”, ressaltando o papel das manifestações populares na construção de uma sociedade plural e democrática. Para a ministra Margareth Menezes, os homenageados representam “uma força vital para a cultura brasileira e têm papel insubstituível na construção de políticas públicas para a arte e para o patrimônio cultural do país”. A Ordem do Mérito Cultural, criada em 1995, é entregue a personalidades, instituições e expressões artísticas que contribuem para a formação da identidade nacional. Neste ano, ao homenagear o Festival de Parintins e seus bois, o Governo Federal reconhece não apenas a beleza e grandiosidade do espetáculo, mas a força coletiva de um povo que transforma tradição em arte e cultura viva.
Cheia dos rios no AM deixa 28 municípios em emergência e afeta mais de 260 mil pessoas
O número de municípios em situação de emergência no Amazonas devido à cheia dos rios subiu para 28, segundo o Painel de Monitoramento Hidrometeorológico da Defesa Civil do Estado, atualizado nesta sexta-feira (23). Mais de 260 mil pessoas são afetadas diariamente, enfrentando dificuldades de locomoção, perdas na produção rural e inundações em suas casas. Historicamente, a cheia na região começa na segunda quinzena de outubro, com o fim da seca, que em 2024 registrou níveis recordes no estado. A previsão é que o cenário se mantenha. Segundo o Comitê Permanente de Enfrentamento a Eventos Climáticos e Ambientais, as nove calhas dos rios amazonenses devem permanecer em cheia até, pelo menos, junho. Na última atualização, cinco municípios foram reclassificados do estado de alerta para emergência: Carauari, às margens do Rio Juruá, Fonte Boa, no Rio Solimões, Itapiranga e Urucurituba, banhados pelo Rio Amazonas, e Nova Olinda do Norte, no Rio Madeira. Confira a lista dos 28 municípios que estão em situação de emergência: Além dos municípios em emergência: Segundo o meteorologista e pesquisador Leonardo Vergasta, dois fenômenos explicam o aumento no volume dos rios em comparação a 2024: “No início de 2025, tivemos a atuação do La Niña, que resfria as águas do Pacífico Equatorial. Isso aumenta a intensidade das chuvas na região. Como coincidiu com nosso período chuvoso, desde fevereiro, toda a bacia amazônica registrou volumes de chuva acima do normal”, explicou o pesquisador. Cheia já afeta mais de 209 mil pessoas no Amazonas. — Foto: Alexandro Pereira/Rede Amazônica Impactos na produção rural O município de Benjamin Constant, localizado na região da tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru, é um dos mais afetados pela cheia dos rios. Desde março, parte da orla da cidade está submersa e muitas casas às margens do Rio Javari, afluente do Solimões, também. Já são quase 21 mil pessoas afetadas diretamente pela cheia do rio nas zonas urbana e rural, o que representa cerca de 45% da população do município. Na zona rural, agricultores perderam praticamente toda a produção. É o caso da agricultora Ana Luzia, que cultiva hortaliças. “Nós ‘plantava’ couve, repolho, alface, cheiro verde, temos também mandioca plantado, e tudo foi levado pela água. Há dois anos que não alagava e esse ano foi levando tudo”, relatou. O maracujá, um dos principais alimentos cultivados no município, também acumula perdas de produção. O excesso de água prejudica o cultivo do maracujá, faz as folhas e o caule secarem e os frutos não se desenvolverem por completo “É um prejuízo que a gente não pode nem calcular, porque se não alagasse, eu ia ficar colhendo dois anos tranquilo, só fazendo o termo de podar”, disse o agricultor Juarez Lima.