Nesta quarta-feira, 7 de maio de 2025, teve início o Conclave no Vaticano, reunindo 133 cardeais de 71 países para eleger o 267º Papa da Igreja Católica, sucedendo o Papa Francisco, falecido em 21 de abril. Entre os participantes está Dom Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus e primeiro cardeal da história do Amazonas, que fez seu juramento de entrada na Capela Sistina, marcando um momento histórico para a Igreja na região.   O Conclave começou com a tradicional missa “Pro Eligendo Pontifice”, presidida pelo cardeal decano Giovanni Battista Re, seguida da procissão dos cardeais até a Capela Sistina, onde prestaram juramento de sigilo absoluto. Após o ritual do “Extra Omnes”, as portas foram fechadas, iniciando oficialmente o processo de eleição.   Dom Leonardo Steiner, natural de Santa Catarina e arcebispo de Manaus desde 2019, foi criado cardeal pelo Papa Francisco em 2022, tornando-se o primeiro cardeal da Amazônia. Sua participação no Conclave é vista como um reconhecimento da importância da região amazônica e de suas questões socioambientais no contexto global da Igreja.  A eleição do novo Papa requer uma maioria de dois terços dos votos, ou seja, 89 votos dos 133 cardeais eleitores. As votações prosseguirão até que um consenso seja alcançado, sendo sinalizado ao público por meio da tradicional fumaça branca emitida pela chaminé da Capela Sistina.   A presença de Dom Leonardo no Conclave destaca a crescente representatividade da Igreja na América Latina e reforça o papel da Amazônia nas discussões contemporâneas da Igreja Católica.
Crítica: A Mulher no Jardim | Collet-Serra e o Desafio de Fazer a Fantasia Florescer
Jaume Collet-Serra nunca teve a pretensão de reinventar o cinema — e talvez aí resida parte de seu charme. Seus filmes transitam entre o suspense e o entretenimento ligeiro com uma segurança rara, mesmo quando as histórias em si deixam a desejar. A Mulher no Jardim chega embalado por essa mesma lógica: uma experiência que não promete muito, mas que sabe exatamente até onde pode ir. O filme parte de uma premissa simples: uma figura enigmática aparece no quintal de uma casa, e tudo ao redor passa a girar em torno dela. É nesse espaço limitado que Collet-Serra consegue transpor sua identidade como cineasta. Ele trabalha todos os elementos e dispositivos da casa com inteligência, buscando nos cantos, corredores e objetos pequenos respiros de criatividade. Quando finalmente vemos a fantasia cruzar a porta e entrar de fato na casa, parece que estamos testemunhando não apenas um avanço na trama, mas um gesto de Collet-Serra em trazer sua própria visão para dentro do filme. Nesse sentido, há algo quase metalinguístico no embate entre direção e roteiro: enquanto Collet-Serra quer fazer a fantasia entrar no espaço fílmico, o roteirista Sam Estefanak parece renegá-la em seu texto, criando distâncias e ruídos que afastam a trama desse encantamento. O resultado é uma obra marcada por essa estranheza de tons — momentos que deveriam emocionar ou intrigar acabam caindo num vazio, deixando no espectador mais indiferença do que impacto. No fim, A Mulher no Jardim reafirma o que já sabemos sobre Collet-Serra: ele é um diretor que domina a forma, mesmo quando o conteúdo escapa por entre os dedos. Entre altos e baixos, o filme encontra momentos de encanto e estranhamento que, ainda que não deixem marcas profundas, confirmam seu talento para transformar pequenas ideias em entretenimento eficiente. É um filme que talvez não permaneça na memória, mas cumpre bem seu papel enquanto dura. No fundo, A Mulher no Jardim é menos sobre o mistério da figura no quintal e mais sobre o duelo silencioso entre um diretor que quer fazer a fantasia florescer e um roteiro que insiste em mantê-la do lado de fora.