Durante coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (21), em Manaus (AM), o arcebispo Dom Leonardo Steiner exaltou a atuação de Papa Francisco em prol da Amazônia e dos povos originários. Primeiro cardeal da região, Steiner afirmou que nenhum outro pontífice demonstrou tamanha preocupação com os desafios ambientais e sociais da floresta quanto Francisco. “O Papa Francisco tinha um carinho tão grande pela Amazônia, pelo pulmão da terra e principalmente pelos povos originários. Cada vez que eu encontrava com ele, ele sempre perguntava: ‘E a nossa Amazônia, como vai?’”, relatou o cardeal, emocionado. Segundo ele, o Papa sempre reforçava que a Igreja deveria ser agente de transformação social. A fala foi feita horas após a confirmação da morte do líder da Igreja Católica, ocorrida em Roma. Francisco faleceu após entrar em coma, com quadro de saúde agravado por pneumonia, hipertensão e diabetes tipo 2. Ele havia recebido alta no fim de março, após 37 dias de internação, com recomendação médica para dois meses de repouso. Questionado sobre a possibilidade de disputar o Conclave, Steiner explicou que participará da escolha do novo Papa, por ser cardeal com menos de 80 anos — mas descartou qualquer chance de assumir o cargo. “A Igreja vai avançar, não retroceder”, disse.
Cardeal da Amazônia é cotado para ser o próximo Papa: saiba quem é Dom Leonardo Steiner
Com a morte do Papa Francisco nesta segunda-feira, 21, aos 87 anos, nomes do alto clero católico ao redor do mundo voltaram a ganhar os holofotes. Um deles vem diretamente da região Norte do Brasil: Dom Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus (AM), e primeiro cardeal da história da Igreja Católica na Amazônia, figura entre os mais cotados para suceder o pontífice argentino. Steiner integra uma lista de 14 cardeais que serão avaliados durante o Conclave — o ritual secreto realizado no Vaticano para a escolha do novo Papa. Nomeado cardeal em agosto de 2022, Steiner viu sua missão pastoral na Amazônia ganhar projeção global com o aval direto de Francisco. Ao ser nomeado, o arcebispo destacou a importância de se olhar para a floresta e para os povos da região: “É uma alegria ter um cardeal na Amazônia, que não ficou esquecida pelo Papa”, declarou à imprensa na época. “O Papa está olhando para as periferias, para onde a igreja pode ser muito viva”, completou. Natural de Forquilhinha (SC), Dom Leonardo foi nomeado bispo em 2005 por João Paulo II e já ocupou cargos estratégicos na Igreja brasileira. Foi secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) por dois mandatos e atuou como bispo auxiliar de Brasília, a convite do então Papa Bento XVI. Sua trajetória é marcada pelo compromisso com a missão franciscana — ingressou na Ordem dos Frades Menores em 1976 — e por uma sólida formação acadêmica: é doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Antonianum, em Roma. Outro brasileiro na disputa Além de Steiner, outro brasileiro também é cotado para a sucessão papal: o cardeal Sérgio da Rocha, atual arcebispo de Salvador (BA). Natural do interior de São Paulo, ele foi nomeado para o cargo em 2020 e tem forte atuação na estrutura organizacional da Igreja. Mestre em Teologia Moral, Sérgio da Rocha integra a Congregação para os Bispos desde 2021 e passou a fazer parte do Conselho dos Cardeais em 2023 — grupo responsável por assessorar o Papa na reforma da Cúria Romana. Favoritos internacionais A lista dos principais nomes também inclui líderes religiosos de diferentes partes do mundo, com destaque para três italianos: Pietro Parolin (secretário de Estado do Vaticano), Matteo Maria Zuppi (arcebispo de Bolonha) e Pierbattista Pizzaballa (patriarca latino de Jerusalém). Outros cardeais influentes cotados são: Jean-Marc Aveline, de Marselha (França); Peter Erdo, da Hungria; José Tolentino de Mendonça (Portugal), atual prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação; Mario Grech, secretário-geral do Sínodo dos Bispos; Luis Antonio Tagle, das Filipinas; Robert Francis Prevost (EUA/Peru); Wilton Gregory, arcebispo de Washington D.C.; e Blase Cupich, de Chicago. A escolha do novo Papa deve acontecer nos próximos dias e marcará um novo capítulo na história da Igreja Católica — possivelmente com um olhar mais atento à floresta e aos povos da Amazônia.
Missa de Páscoa, passeio de papamóvel, encontro com vice dos EUA: como foi último dia do papa
Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, morreu aos 88 anos às 2h35 pelo horário de Brasília, 7h35 pelo horário local, desta segunda-feira (21), informou o Vaticano. O pontífice, que ocupou o cargo máximo da Igreja Católica por 12 anos, se recuperava de uma pneumonia nos dois pulmões após ter ficado 38 dias internado. No Domingo de Páscoa (20), Francisco recebeu, pouco antes das celebrações, o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance. Além disso, o papa também fez uma breve aparição para a bênção Urbis et Orbi na Praça de São Pedro, arrancando aplausos e vivas da multidão. O papa acenou para os fiéis e fez um pronunciamento breve, com a voz fraca: “Irmãos e irmãs, Feliz Páscoa!”. Milhares de pessoas presentes explodiram em aplausos quando uma banda militar deu início a uma série de hinos da Santa Sé e da Itália. Francisco acenou da varanda e pediu a um assessor que lesse a benção (veja texto completo). Após aparecer na varanda, Francisco andou no papamóvel pela multidão na praça de São Pedro. Ele não celebrou a Missa de Páscoa na praça, delegando-a ao Cardeal Angelo Comastri, arcipreste aposentado da Basílica de São Pedro, que leu seu discurso. Encontro com o vice-presidente dos EUA A caminho da basílica, Francisco encontrou-se brevemente com o vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, que estava passando a Páscoa em Roma com sua família. O encontro ocorreu na Casa Santa Marta, residência oficial do pontífice no Vaticano, por volta das 11h30 no horário local (6h30 de Brasília). A visita aconteceu dois meses após o líder da Igreja Católica criticar duramente a política migratória do governo de Donald Trump. Em fevereiro, o papa classificou as expulsões em massa de migrantes como uma “grande crise” e alertou, em carta enviada aos bispos americanos: “O que se constrói à base de força, e não a partir da verdade sobre a igual dignidade de todo ser humano, mal começa e mal terminará” Um vídeo divulgado pela rede de notícias católica norte-americana EWTN mostrou Vance conversando com o papa, que estava sentado em uma cadeira de rodas. Papa Francisco recebe vice-presidente dos EUA, JD Vance, no Vaticano Francisco presenteou o vice-presidente americano com uma gravata com o brasão do Vaticano, um terço e ovos de Páscoa para cada um dos filhos de Vance. “É um prazer vê-lo em melhor estado de saúde”, disse JD Vance ao papa argentino, em vídeo divulgado pelo Vaticano. “Obrigado por me receber. Rezo pelo senhor todos os dias. Que Deus o abençoe”. No sábado (19), Vance também foi recebido no Vaticano pelo cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado, acompanhado por dom Paul Richard Gallagher, secretário para as Relações com os Estados e Organizações Internacionais. Durante o encontro com o cardeal, foram trocadas felicitações de Páscoa. Segundo nota oficial, a reunião foi “cordial” e reafirmou a boa relação bilateral entre a Santa Sé e os Estados Unidos. Aparição breve na Páscoa Debilitado por conta da recuperação de uma pneumonia bilateral, Francisco não celebrou a missa, mas compareceu na sacada da basílica para a bênção Urbis et Orbi. A bênção foi lida por um cardeal. A Basílica de São Pedro estava repleta de narcisos, tulipas e outras flores doadas pela Holanda em uma manhã fria, porém ensolarada, de primavera. Francisco apareceu em público apenas algumas vezes desde que retornou ao Vaticano em 23 de março, após uma internação de 38 dias. Ele não foi aos serviços solenes da Sexta-feira Santa e do Sábado Santo, que antecederam a Páscoa, mas era esperado que comparecesse no domingo, de acordo com o livreto da missa e os planos litúrgicos divulgados pelo Vaticano. A Páscoa é o momento mais alegre do calendário litúrgico cristão, quando os fiéis celebram a ressurreição de Cristo após sua crucificação. Este ano, a Páscoa está sendo celebrada no mesmo dia por católicos e ortodoxos, e foi marcada pelo anúncio de uma trégua pascal temporária pela Rússia em guerra com a Ucrânia. A Páscoa no Vaticano tradicionalmente envolve uma missa e a bênção Urbi et Orbi (em latim, “à cidade e ao mundo”) do papa, um discurso proferido na galeria sobre a entrada da basílica, que geralmente é um resumo dos pontos críticos globais e do sofrimento humano. Francisco reduziu drasticamente sua carga de trabalho, seguindo as ordens médicas de dois meses de convalescença e fisioterapia respiratória para melhorar sua função pulmonar. Na última aparição, ele ainda precisou de grande esforço para projetar sua voz, e sua respiração continuou difícil. Antes de domingo, sua maior saída havia sido uma visita à prisão no centro de Roma para passar a Quinta-feira Santa com os detentos. A visita deixou claras suas prioridades enquanto se recupera lentamente: passar tempo com as pessoas mais marginalizadas. A última mensagem de Francisco para o mundo – Homília de Páscoa Maria Madalena, ao ver que a pedra do sepulcro tinha sido removida, começou a correr para ir avisar Pedro e João. Também os dois discípulos, tendo recebido aquela surpreendente notícia, saíram e – diz o Evangelho – «corriam os dois juntos» (Jo 20, 4). Os protagonistas dos relatos pascais correm todos! E este “correr” exprime, por um lado, a preocupação de que tivessem levado o corpo do Senhor; mas, por outro lado, a corrida de Maria Madalena, de Pedro e de João fala do desejo, do impulso do coração, da atitude interior de quem se põe à procura de Jesus. Ele, com efeito, ressuscitou dos mortos e, portanto, já não se encontra no túmulo. É preciso procurá-lo noutro lugar. Este é o anúncio da Páscoa: é preciso procurá-lo noutro lugar. Cristo ressuscitou, está vivo! Não ficou prisioneiro da morte, já não está envolvido pelo sudário e, por isso, não podemos encerrá-lo numa bonita história para contar, não podemos fazer dele um herói do passado ou pensar nele como uma estátua colocada na sala de um museu! Pelo contrário, temos de O procurar, e, por isso, não podemos ficar parados. Temos de nos pôr em movimento, sair para O procurar: procurá-lo na vida, procurá-lo no rosto dos irmãos, procurá-lo no dia a dia, procurá-lo em todo o lado, exceto naquele