Hamdan Ballal (foto acima), um dos diretores do documentário Sem Chão, vencedor do prêmio de Melhor Documentário no Oscar 2025, está desaparecido. De acordo com o relato publicado por Yuval Abraham, outro diretor da produção, Ballal foi atacado por “colonizadores” de Israel. Os relatos também indicam que o diretor teve ferimentos no estômago. Veja o relato completo: “Um grupo de colonizadores acabou de linchar Hamdan Ballal, co-diretor do nosso filme Sem Chão. Eles o espancaram e ele ficou com ferimentos na cabeça e no estômago, sangrando. Os soldados invadiram a ambulância que ele chamou e o levaram. Nenhum sinal dele desde então.” Um dos posts originais de Abraham ainda pode ser visto, conforme o anexo abaixo: Yuval Abraham é um jornalista que cobre o conflito de Israel contra a Palestina. Ele também dirigiu o documentário Sem Chãoao lado não apenas de Ballal, mas também de Rachel Szor e Basel Adra. Sem Chão se impõe como mais do que um relato pessoal: ele é o condensamento simbólico de um processo histórico que tem acontecido durante boa parte do século XX (mais até do que as três décadas abraçadas pelo filme), e que ganha aqui – através, sim, da história íntima de Adra, sua família e sua comunidade – uma dimensão pessoal que só o cinema pode proporcionar. O longa começa por volta de 2009, com filmagens rudimentares de demolições coordenadas pelo exército israelense na comunidade de Masafer Yatta, no Sul da Cisjordânia, um conjunto de pequenas aldeias palestinas que sofrem pressão violenta das forças ocupadoras para deixar o local, onde muitas das famílias dos moradores vivem há mais de século. Sem Chão ainda está em exibição em alguns cinemas brasileiros e chega ao streaming Filmelier+ em abril. A produção, que já era elogiada, se destacou após vencer o Oscar de Melhor Documentárioem 2025.
Ícones do cinema amazonense são tema de novo podcast
A preservação da memória do cinema amazonense passa não apenas pelos filmes realizados (e os não realizados) ao longo de mais de cem anos de produção audiovisual no Estado. Contar as histórias de nomes pioneiros e relevantes dessa arte também é preciso. Pensando nisso, o Cine Set lança uma nova websérie focada nesses nomes. O podcast “Ícones do Audiovisual Amazonense” começou a ser publicado nesta segunda-feira (24) e seguirá com programas até a sexta (28) no YouTube e no Spotify. A série tem cinco capítulos, cada um dedicado a um nome importante do cinema no Estado. O primeiro programa já está no ar e fala sobre o cineasta português – radicado no Amazonas – Silvino Santos, que, entre as décadas de 1910 e 1920, produziu filmes como “No Paiz das Amazonas” e “No Rastro do Eldorado”. O pesquisador Sávio Stoco é o convidado do programa. Stoco estudou a obra do português no mestrado e doutorado, além de ter sido um dos responsáveis por encontrar “Amazonas, O Maior Rio do Mundo”, documentário perdido desde o início dos anos 1930. Os próximos episódios da websérie falarão sobre o radialista Joaquim Marinho, o escritor Márcio Souza, o agitador cultural Cosme Alves Neto e a pesquisadora Selda Vale. Participam dos programas nomes como a empresária Patrícia Marinho, o sociólogo Márcio Braz, o cineasta Aurélio Michiles e o professor Tom Zé. O projeto foi idealizado pela jornalista, crítica de cinema e pesquisadora Pâmela Eurídice. Integrante da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine), ela tem se dedicado à produção de obras de resgate histórico do audiovisual do Estado. “Essa é uma maneira de preservarmos a história do cinema amazonense, relembrando a trajetória e o legado de pessoas que ajudaram a construir o que temos hoje na sétima arte em nossa cidade. Dessa forma, também as homenageamos e evidenciamos a pluralidade que forma o pensamento social e a cultura na Amazônia”, destaca. O projeto foi contemplado no edital Concurso Prêmio Manaus Identidade Cultural no setor do Audiovisual, realizado pelo Conselho Municipal de Cultura de Manaus (Concultura), com recursos da Lei Paulo Gustavo.
Live-actio ‘Branca de Neve’ tem bilheteria fraca em fim de semana de estreia
Nos 15 anos em que a Disney vem produzindo remakes live-action de seus clássicos animados, nenhuma das entradas de grande orçamento chegou aos cinemas com menos de US$ 58 milhões nos EUA, após o ajuste pela inflação. O filme custou pelo menos US$ 350 milhões para ser feito e comercializado (a par com “Dumbo”, após o ajuste pela inflação). Live-action da Disney está envolto em polêmicas Entre outros lançamentos da semana, o drama de gangsters “The Alto Knights: máfia e poder”, que custou cerca de US$ 50 milhões para ser feito, excluindo marketing, estava a caminho de arrecadar desastrosos US$ 3 milhões na bilheteria dos EUA. O filme recebeu críticas fracas. “Branca de Neve” dividiu críticos e público. Entre os críticos, as avaliações foram apenas 44% positivas, de acordo com o site Rotten Tomatoes. Entre os espectadores, no entanto, “Branca de Neve” foi muito melhor: a “pontuação do público” foi 71% positiva no sábado (22). Um problema após o outro Baseado no clássico animado de 1937 “Branca de Neve e os sete anões”, o filme da Disney encontrou um problema após o outro após iniciar a produção em 2021. A pandemia do coronavírus, a greve dos atores de 2023 e extensas refilmagens resultaram em estouros de orçamento. A Disney foi criticada por decisões criativas envolvendo “os sete anões”. E a estrela franca do filme, Rachel Zegler, que é latina, virou um para-raios. Usuários da internet (a maioria homens) e alguns veículos de mídia de direita criticaram sua escalação, alegando que uma atriz de ascendência colombiana não tinha nada a ver com Branca de Neve, e que o apoio da Disney a ela era um exemplo de iniciativas de diversidade, equidade e inclusão de Hollywood descontroladas. Alguns desses críticos celebraram os números da bilheteria do remake. Mas analistas rejeitaram essa teoria, dizendo que “Branca de Neve” provavelmente teve dificuldades nas bilheterias porque a propriedade intelectual subjacente é antiquada. Neste ponto, a Disney refez a maioria de seus clássicos animados mais recentes e foi forçada a passar para propriedades menos populares em sua biblioteca, incluindo “Lilo & Stitch”. Sua versão live-action chega aos cinemas em maio. Planos arquivados O público também começou a se cansar de remakes live-action de filmes animados em geral, de acordo com analistas, que citam retornos decrescentes nas bilheterias. A Disney está ciente dessa tendência e arquivou os planos de refazer “Bambi” (1942), “A espada era a lei” (1963) e “Hércules” (1997). Por sua vez, a Universal tem muito a ganhar com seu próximo remake live-action de “Como treinar o seu dragão” (2010). Quando os filmes chegam a vendas de ingressos decepcionantes, os estúdios sempre dizem que estão esperançosos de que o boca a boca levará a um público maior nas semanas seguintes. No caso de “Branca de Neve”, pode não ser (apenas) uma propaganda enganosa. — O sucesso do filme dependerá se ele conseguir o “efeito babá” (pais procurando maneiras de ocupar as crianças pequenas) e se ele for bem-sucedido por alguns meses, como “Mufasa” fez recentemente — disse David A. Gross, analista de bilheteria. — A Disney sabe como apoiar seus filmes, e esse corredor, que inclui as férias (nos EUA), é bom.
Seca histórica: safra de castanha deste ano talvez seja a pior já registrada na Amazônia
De dezembro a maio, os ouriços de castanha, como são chamados os frutos das castanheiras da Amazônia, caem das árvores e atraem extrativistas que coletam, separam e organizam o que é o segundo produto de extração mais vendido do bioma do Norte do país (atrás apenas do açaí). Neste ano, porém, o ciclo não deve se repetir. A castanha não vai dar “nem para o leite”, como dizem os ribeirinhos, acostumados a usar o líquido do fruto para cozinhar peixes e caças. Diante da seca histórica na região em 2024, estima-se que a safra atual seja a pior já registrada. O resultado deve superar negativamente o do período de 2016 a 2017, quando a produção recuou 70% em relação ao biênio anterior. Oito anos depois, o problema se repete e se agrava, o que evidencia o impacto das mudanças climáticas, alertam especialistas. Agora, os eventos extremos acontecem de forma cada vez mais intensa e frequente. Na Terra do Meio, área que abrange três reservas extrativistas — Rio Iriri, Riozinho do Anfrísio e Rio Xingu — entre Altamira e São Félix do Xingu (PA), há 332 famílias que dependem da castanha para alimentação e geração de renda. Neste ano, já esperavam uma safra fraca. Mas o resultado foi pior do que o previsto. — Foi uma safra sem nenhuma entrega, como eu nunca tinha visto. Não existe castanha na Terra do Meio nem para alimentação — lamenta Francisco de Assis Porto, presidente da Rede Terra do Meio, que reúne os extrativistas da região e no ano passado movimentou R$ 2 milhões no comércio de produtos da floresta, dos quais R$ 500 mil só com a castanha. — Me articulei com parceiros para termos mantimentos e comida e não sofrermos um impacto ainda maior. E até para a comunidade não ir embora. Segundo dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), considerando a média de estiagem em todo o 2024 na Amazônia, 70% dos municípios da região (414 de 591) tiveram um ano de seca. Vários rios foram rebaixados aos menores níveis já vistos, como os principais de Altamira, o Xingu e o Iriri. A estiagem comprometeu a fisiologia das castanheiras e a reprodução das abelhas, que são as responsáveis por polinizar as flores. Sem vendas A Rede Terra do Meio existe há pouco mais de dez anos e, pela primeira vez, não há expectativas de venda relevante de castanha. Até o momento, menos de cem caixas de 20 litros de volume foram coletadas, o que corresponde a 2 metros cúbicos. Coordenadora do Instituto Socioambiental (ISA) na Terra do Meio, Fabíola Moreira lembra que a renda gerada no ciclo da castanha é essencial para o sustento das famílias durante o ano inteiro. — Sem a venda da castanha, as famílias têm mais dificuldades para comprar itens da cidade e cuidar da saúde. As comunidades vivem na pele os reflexos da crise climática. Não é mais algo do futuro, mas o presente deles. É necessário que políticas públicas sejam pensadas a fim de minimizar os impactos e dar condições de adaptação às mudanças — cobra Moreira, que critica a demora na decretação de situação de calamidade pública para a região, que facilita o acesso a doações. — Às vezes, quando sai o decreto, o rio já secou e não permite a navegação para entrega das cestas. A Resex Riozinho do Anfrísio chegou a ficar isolada em 2024, com poucos pontos possíveis de navegação. Em algumas comunidades da Terra do Meio, os moradores estão comprando ou trocando alimentos com os vizinhos, conta Moreira. Além disso, os pontos de abastecimento receberam produtos doados como farinha, borracha e sementes, para facilitar as trocas. Ciclo de três anos Os ciclos da castanha se repetem a cada três anos, explica Luiz Brasi Filho, gerente da rede Origens Brasil do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora). A safra é muito boa no primeiro ano e declina até o terceiro, quando o ciclo se reinicia. O período de 2024 a 2025 já seria o de menor safra neste intervalo, mas não se esperava algo tão ruim. — Estamos colhendo os frutos da seca histórica. Não é só na Terra do Meio, está acontecendo em todos os estados — frisa Brasi, que aproxima empresas de comunidades tradicionais em todos os estados amazônicos. — Em Rondônia, a Embrapa divulgou uma nota técnica estimando a redução de 85% no volume de castanha na Terra Indígena Rio Branco. Brasi trabalha com castanhas há dez anos e só havia visto uma situação similar no período de 2016 e 2017, quando a Embrapa apontou uma redução de 70% na produção. Ainda não há dados consolidados sobre a safra atual, e as estatísticas de extração sofrem com falta de padronização. Mas o cálculo é que esse recorde negativo deve ser superado. — Os eventos drásticos estão acontecendo com frequência maior, e são cada vez mais intensos — alerta Brasi. — Isso afeta o mercado. Os preços da castanha já estão muito altos, assim como acontece com o café e o ovo. Muitas vezes o mercado substitui a castanha da Amazônia pela de caju ou uma internacional. Mas aqui a diferença é que as comunidades são extremamente impactadas. Em uma nota técnica publicada na semana passada, a Embrapa Rondônia reconheceu que as altas temperaturas resultaram na falta do produto em todas as regiões da Amazônia. Mas a empresa vinculada ao Ministério da Agricultura destacou que há uma forte possibilidade de recuperação da produção na safra de 2025 e 2026. Com essa perspectiva, a Embrapa recomenda que sejam mantidas as linhas de produção, a gestão dos estoques, a flexibilização de contratos e negociações, o apoio a financiamentos e a informação transparente ao mercado para enfrentar a quebra da safra. Questionado sobre a crise da castanha, o Ministério do Meio Ambiente informou que atua para mitigar os impactos da seca da Amazônia e citou medidas emergenciais. Entre elas, o reforço do Programa Bolsa Verde, que atende mais de 53 mil famílias, e
Chegam à Venezuela 199 deportados dos EUA
O ministro lembrou que este é o quarto voo com venezuelanos deportados dos Estados Unidos. Os dois primeiros partiram de El Paso, Texas, em 10 de fevereiro. Depois, houve outro voo com 177 migrantes que estavam detidos na prisão de Guantánamo, em Cuba, e posteriormente foram repatriados via Honduras. – Os voos estão sendo retomados – afirmou Cabello: – As viagens tiveram pouca regularidade, não por culpa da Venezuela. Estamos prontos para receber os venezuelanos onde quer que estejam – garantiu. A chegada desse grupo ocorre uma semana após a deportação de 238 venezuelanos para o Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot), uma prisão de segurança máxima em El Salvador, o que o presidente Nicolás Maduro classificou como um sequestro. O ritmo das deportações, acordadas após a visita a Caracas, em 31 de janeiro, de Richard Grenell, enviado especial de Trump, foi criticado pelo presidente dos EUA. Como retaliação, Trump revogou a licença que permitia à petrolífera norte-americana Chevron operar na Venezuela. Por sua vez, Caracas denunciou que o Departamento de Estado dos EUA estava “bloqueando” os voos de repatriação. Venezuela e Estados Unidos romperam relações diplomáticas em 2019, durante o primeiro governo de Trump, que impôs um embargo petrolífero ao país sul-americano após considerar fraudulenta a primeira reeleição de Maduro, em maio de 2018. Washington também não reconheceu a proclamação de Maduro para um terceiro mandato após as eleições de 28 de julho de 2024. A oposição denunciou fraude e reivindicou a vitória do ex-embaixador Edmundo González Urrutia, exilado desde setembro passado. Os Estados Unidos alegam que os venezuelanos enviados para El Salvador em 16 de março pertencem à temida gangue Tren de Aragua, surgida na Venezuela e declarada organização terrorista por Trump. Caracas denuncia uma campanha de criminalização contra os migrantes. Desde 2014, quase 8 milhões de venezuelanos deixaram o país, sufocados pela redução de 80% da economia – que começou a se recuperar em 2021 – e por uma inflação descomunal, que o governo venezuelano atribui às sanções dos EUA. Para as deportações de migrantes a El Salvador, Washington invocou uma lei de 1798 que permite a expulsão sem julgamento de “inimigos estrangeiros”, medida que Caracas classifica como “anacrônica”.
Colômbia envia último chimpanzé em cativeiro para santuário no Brasil
A AFP acompanha o início de sua jornada, denominada “Operação Arca de Noé”, na qual Yoko será acompanhado por seu veterinário. Primeiro, uma aeronave da Força Aérea colombiana o levará até Bogotá. Em seguida, será transportado em um avião de carga até o Brasil, onde especialistas esperam que consiga ser aceito pelos outros primatas e se relacione com eles. Yoko era o último grande primata vivendo em cativeiro na Colômbia. Sua partida “é profundamente simbólica (…) Estes grandes símios não têm porque estar no nosso país”, disse à AFP a senadora ambientalista Andrea Padilla, que o apadrinhou. Desde 2018, Yoko vivia no Bioparque Ukumarí de Pereira, aonde chegou após ser apreendido pela polícia enquanto era levado para a Venezuela. Ainda filhote, foi adquirido no mercado ilegal por um narcotraficante. Em 2023, Chita e Pancho, uma fêmea e um macho, fugiram deste zoológico e foram sacrificados pela força pública a tiros devido ao risco que representavam para as comunidades vizinhas. Estes fatos motivaram protestos de defensores dos direitos dos animais. Por ter sido criado como um ser humano e adquirir hábitos como assistir à televisão, Yoko tinha dificuldades de socializar com outros chimpanzés, contam seus cuidadores. No entanto, tinha uma relação próxima com Chita, e por isso perdeu o vinculo com a própria espécie após sua morte. Ainda não está claro se Yoko foi adquirido em um criadouro ilegal na Colômbia ou se foi tirado de seu hábitat, na África. O chimpanzé é considerado uma espécie “em risco” de extinção pela UICN (União para a Conservação da Natureza). Os territórios em que habita ficam sobretudo em Guiné, Costa do Marfim e República Democrática do Congo. Por excentricidade, chefões do tráfico colombianos adquiriram todo tipo de animais exóticos como animais de estimação ou para ter seus próprios zoológicos. O caso mais conhecido foi o de Pablo Escobar, que chegou a ter elefantes, girafas, rinocerontes e cangurus, entre outros animais, em sua famosa Fazenda Nápoles. Atualmente, os descendentes de um casal de hipopótamos que o barão da cocaína comprou se reproduzem sem controle em uma região do norte e do centro do país, e representam uma ameaça para os ecossistemas, segundo especialistas.
Parintins 2025: ensaios dos Bumbás começam neste sábado em Manaus
A contagem regressiva para o 58º Festival de Parintins já começou. A 100 dias do maior espetáculo folclórico a céu aberto do mundo, o Governo do Amazonas iniciou os preparativos e ações para promover uma festa segura e inesquecível para os brincantes dos bois-bumbás Caprichoso e Garantido. Promovido pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, o festival preserva e manifesta a identidade cultural do folclore amazônico, além de contribuir para o desenvolvimento socioeconômico e cultural da região. Segundo o secretário de Cultura e Economia Criativa, Caio André Oliveira, todos os esforços estão voltados, nesse momento, para a execução de um grande trabalho no município de Parintins (distante 369 quilômetros de Manaus) nos próximos meses e, na capital, com os eventos bovinos apoiados pelo Estado. Ensaios no Sambódromo Marcando o início da contagem regressiva dos 100 dias, os Ensaios dos Bumbás vão movimentar os sábados no Sambódromo de Manaus. O evento, incentivado pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, tem entrada gratuita. O primeiro ensaio acontece no dia 29 de março e terá apresentação com os elencos dos dois bois-bumbás. Após a estreia, a temporada de ensaios no Sambódromo segue, em revezamento, todos os sábados, até a Festa da Vitória, parando apenas no fim de semana do Festival de Parintins, que acontece nos dias 27, 28 e 29 de junho. A festa da vitória em Manaus está programada para o dia 5 de julho. Acompanhe os eventos que antecedem o 58º Festival de Parintins, pelas redes sociais @culturadoam e no Portal da Cultura (www.cultura.am.gov.br) Preparativos dos bumbás Com o tema ‘É Tempo de Retomada’, o boi-bumbá Caprichoso vai para o 58º Festival de Parintins em busca do seu tetracampeonato. A proposta do tema faz referência a um manifesto pela cultura popular e o apelo para a retomada de tradições e saberes populares. Segundo o presidente do Caprichoso, Rossy Amoêdo, a ideia é levar uma apresentação ainda mais competitiva para o bumbódromo. “Já viemos, ao longo dos meses, seguindo o planejamento anual do Boi com toda a equipe trabalhando no processo alegórico, criação, desenvolvimento de figurinos, momentos, quadros e cenas do Boi em relação ao que se trata de apresentação de arena”, disse. No lado vermelho e branco da festa, o Boi Garantido defende, este ano, o tema ‘Boi do Povo, Boi do Povão’, fazendo referência ao slogan criado, na década de 80, pelo antigo apresentador do bumbá, Paulinho Faria. Para o presidente do Garantido, Fred Góes, a expectativa para a apresentação deste ano é alta. “Com uma visão antecipada, estamos trabalhando arduamente nas idealizações e no desenvolvimento do nosso espetáculo. O Boi já está praticamente pronto. Estamos dedicando nossos esforços para que ele represente, com toda sua grandiosidade, a tradição e a excelência da Associação Folclórica Boi Garantido”, falou.
França adota teste de saliva para endometriose com 96% de precisão
Um teste de saliva que permite diagnosticar a endometriose começou a ser reembolsado pelo governo francês para 25 mil pacientes acima dos 18 anos este mês, ainda em estágio experimental para que a sua utilidade clínica seja comprovada. A tecnologia está disponível em 80 hospitais participantes de um estudo, e fornece o resultado em 10 dias ao custo de 839 euros (cerca de R$ 5.100). A Autoridade Nacional de Saúde Francesa emitiu o parecer para o reembolso com base em resultados clínicos que mostraram um bom desempenho diagnóstico da tecnologia —uma sensibilidade de 96% e uma especificidade de 95%—, considerada inovadora por especialistas, que, no entanto, fazem algumas ressalvas. A endometriose é uma doença cujo tempo médio de diagnóstico é de nove anos, e, por isso, um teste rápido, confiável e não invasivo seria um grande avanço. A doença é caracterizada pelo crescimento do tecido endometrial fora do útero, o que pode levar a sintomas como cólicas intensas, dores abdominais e pélvicas, além de dores nas relações sexuais, dentre outros. Apesar de a incidência ser considerada alta —estima-se que uma a cada dez mulheres—, a inespecificidade da doença, a normalização de dores por parte das mulheres e a falta de investimentos em pesquisas são barreiras que dificultam a vida das pacientes. Hoje, as ultrassonografias e a ressonância magnética são as ferramentas usadas para o diagnóstico. O Endotest, da biofarmacêutica Ziwig, poderia funcionar como uma terceira linha, após exames clínicos e de imagem. O teste foi possível após a descoberta de uma assinatura molecular da doença, de microácido ribonucleico (microRNA) baseada em saliva, em 2022, com a ajuda de inteligência artificial. Em estudo publicado pela revista New England Journal of Medicine Evidence (NEJM Evidence) no ano seguinte, os pesquisadores analisaram 200 pacientes, com diagnóstico ou suspeita de endometriose, e conseguiram identificar a doença com 97% de certeza nas que tinham e distinguir aquelas com dor pélvica que não tinham endometriose. Por ser um teste feito com base em microRNAs, no entanto, a falta na variedade de etnias das pacientes pode comprometer os dados sobre a eficácia geral da tecnologia, uma vez que há uma variação de microRNAs conforme a etnia. Essa é uma das limitações do estudo, afirma Márcia Mendonça Carneiro, vice-presidente da Comissão Nacional Especializada da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Para a validação desse teste, seria importante, então, ampliar o número de pessoas estudadas. Das 25 mil pacientes que podem acessar o teste na França, 2.500 estão incluídas em nova pesquisa. “Você tem que ter um estudo com o maior número de pessoas, de mulheres, para a gente ter uma análise melhor da confiabilidade, e colocar mulheres de outras localizações geográficas, ver pessoas assintomáticas”, afirma. “Tem muitas perguntas a ser respondidas antes que a gente coloque isso na prática clínica”, acrescenta. Outra questão apontada é o conflito de interesses no estudo publicado pela NEJM Evidence, que teve financiamento da farmacêutica desenvolvedora do teste. Além disso, alguns dos autores são consultores da empresa, o que embora não anule a efetividade do Endotest, reforça a necessidade de mais estudos para comprovar a aplicabilidade, especialmente nos sistemas públicos de saúde. Uma terceira ressalva apontada por Marcos Tcherniakovsky, diretor de comunicação da Sociedade Brasileira de Endometriose, diz respeito aos ainda altos custos do teste. “É um teste promissor, mas por enquanto não acessível do ponto de vista financeiro. Hoje eu tenho ultrassom com preparo intestinal e ressonância magnética que diagnosticam e falam exatamente onde está a doença e como ela é, e os convênios já cobrem esse tipo de exame”. O especialista também diz que, embora os estudos estejam se encaminhando para uma fase de inclusão de mais países para a checagem da eficácia em outras populações, o teste deve ainda ser olhado com cuidado, especialmente ao juntar saúde pública e privada. “A coisa é boa quando é para todo mundo, não para um grupo pequeno de pessoas ou de pessoas que podem pagar 800 euros.” Apesar disso, a iniciativa pela busca de um diagnóstico precoce e não invasivo para a endometriose é positiva. Diversos estudos já foram feitos para tentar o resultado por meio de exames de sangue, mas encontrar o financiamento para esse tipo de pesquisa ainda é difícil, afirma o ginecologista especializado em endometriose Patrick Bellellis, colaborador no Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo). Embora a condição seja comum e reúna registros que remontam à Antiguidade, os investimentos em torno dela ainda são escassos. Um artigo publicado em revista científica aponta que o financiamento de pesquisa para endometriose é limitado: enquanto os Estados Unidos investem cerca de US$ 16 milhões (cerca de R$ 79,7 milhões) em pesquisas sobre a condição todos os anos, comparativamente, a doença de Crohn, que afeta uma em cada 100 pessoas recebe US$ 90 milhões (cerca de R$ 448 milhões). Existe ainda uma confusão entre a endometriose e uma condição chamada “histeria”, que é um nome derivado do termo grego para “útero”. Um estudo de representações de dores pélvicas na literatura médica concluiu que muitos casos descartados como “histeria” podem ter sido causados por endometriose. “Se a gente tivesse mais instituições que levassem a consideração à saúde da mulher, mais agências de fomento que levassem a consideração à saúde da mulher, facilitaria, sem dúvida alguma”, afirma Bellellis.
70 municípios da Amazônia vão receber recursos para monitorar desmatamento em 2025
Cinquenta municípios, pertencentes a seis Estados da Amazônia Legal, já aderiram ao programa “União com Municípios” e estão aptos a receber recursos financeiros do governo federal para a estruturação de escritórios de monitoramento do desmatamento e queimadas em seus territórios. Entre as três capitais da lista, apenas Manaus (AM) ainda não aderiu. Ao todo, 70 deverão ser contemplados. No total, são 81 municípios considerados prioritários, pois registram altas taxas de desmatamento e deverão desenvolver ações de prevenção, controle e redução do desmatamento e da degradação florestal, segundo a Portaria GM/MMA nº 1.202, publicada em novembro de 2024 pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). Os Estados do Mato Grosso e Pará detêm o maior número de municípios aptos a aderir ao programa, com 30 e 29 cidades, respectivamente. Em seguida está o Amazonas, com dez; Rondônia, com seis; Acre com cinco; e Roraima, com dois municípios. Dos seis Estados amazônicos com municípios prioritários, apenas o Acre já completou a adesão com seus cinco municípios: Feijó, Manoel Urbano, Rio Branco, Sena Madureira e Tarauacá. Dos dez do Amazonas, Apuí, Boca do Acre, Canutama, Humaitá, Itapiranga, Manicoré, Maués e Lábrea já registraram a adesão. Faltam Manaus e Novo Aripuanã. O Pará, que tem 29 cidades aptas à adesão, conta com 22 no programa, segundo informou o MMA: Altamira, Anapu, Cumaru do Norte, Dom Eliseu, Itaituba, Itupiranga, Jacareacanga, Marabá, Medicilândia, Novo Progresso, Paragominas, Placas, Portel, Prainha, Rondon do Pará, Rurópolis, Santana do Araguaia, São Félix do Xingu, Trairão, Ulianópolis, Uruará e Santa Maria das Barreiras. Dos seis municípios de Rondônia, três aderiram: Candeias do Jamari, Nova Mamoré e Porto Velho. Já em Roraima, apenas Mucajaí fez o registro no programa, faltando ainda Rorainópolis. O Estado do Mato Grosso, que tem 30 municípios prioritários para o governo federal, já conta com 11 adesões: Bom Jesus do Araguaia, Cláudia, Comodoro, Cotriguaçu, Feliz Natal, Nova Bandeirantes, Nova Ubiratã, Peixoto de Azevedo, Querência, Rondolândia e São José do Xingu. Na última quinta-feira, 20, o MMA assinou um contrato no valor de R$ 61 milhões para estruturar os “Escritórios Municipais de Governança”, que realizarão o monitoramento do desmatamento em 70 municípios prioritários da Amazônia Legal. Como 50 já aderiram, desde que a portaria foi publicada, em 2024, restam ainda 20 vagas para completar as 70 previstas no contrato. O prazo para a adesão encerra-se no dia 30 de abril deste ano. “Assim que os municípios aderirem ao programa, estarão aptos a receber os benefícios desse contrato, bem como outros que o programa irá dispor, tais como: regularização fundiária, regularização ambiental, assistência técnica, recuperação de vegetação nativa e pagamento por serviços ambientais”, informou o ministério. Além da estruturação de um escritório, os municípios também receberão veículos, embarcações, computadores e drones, bem como capacitação e assessoria técnica para fortalecer ações de monitoramento e controle ambiental. “O objetivo é qualificar as equipes locais para atuarem de forma mais eficiente no combate ao desmatamento e à degradação florestal e na promoção de práticas sustentáveis”, ressaltou a pasta. De acordo com o MMA, o programa União com Municípios é um dos instrumentos de implementação do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAm), e conta com o apoio do Projeto Floresta+ Amazônia. Será implementada a partir de parceria com o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). “A parceria com os municípios é uma forma de criar um vínculo com a sociedade. A agenda de comando e controle, que deve ser cada vez mais intensa, é mais efetiva quando se tem um Sistema Nacional do Meio Ambiente funcionando nos diferentes entes federativos – União, Estados e municípios”, declarou a ministra Marina Silva após a assinatura do contrato, na sede do MMA, em Brasília (DF). Aumento de desmatamento O contrato é mais uma iniciativa do governo federal na estratégia de reduzir o desmatamento na Amazônia, iniciada em 2023. A preocupação aumentou após os recordes de queimadas registrados em 2024, quando o bioma sofreu impactos severos do fogo. Conforme o Prodes, sistema do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em relação a 2022, houve queda de cerca de 46% no desmatamento na Amazônia, em 2024. “No último ano, de agosto de 2023 a julho de 2024, a diminuição foi de 30,63% em relação ao período anterior. É o maior declínio percentual em 15 anos”, informou o MMA. Na avaliação do secretário extraordinário de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial do MMA, André Lima, a parceria com os municípios na criação desses escritórios de governança visa a dar condições a esses entes federados na proteção dos territórios e implementação de políticas ambientais eficazes. Municípios aderentes: Municípios que ainda não aderiram:
STF será o centro de atenções da semana com julgamento de Bolsonaro
Nesse núcleo estão oito pessoas que constituíam parte da cúpula do governo Jair Bolsonaro. Além do ex-presidente, fazem parte desse grupo os ex-ministros Walter Braga Netto (Casa Civil e Defesa), Anderson Torres (Justiça), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos e o ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem, atualmente deputado federal pelo PL-RJ. O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, também está incluído nesse primeiro núcleo. Entre as críticas feitas ao processo pelos envolvidos, está a rapidez com que está se desenrolando. O ministro Alexandre de Moraes disse em resposta à Folha de S.Paulo que mantém a condução da denúncia sobre o núcleo “com a mesma celeridade que dá aos demais processos de sua relatoria, observadas as particularidades existentes nas mais de mil ações penais em curso”. Em resposta à provocação dos acusados, a Procuradoria-Geral da República disse que houve tempo para a defesa e o mais importante argumento para rebater essa ideia de que está sendo apressado trâmite é explicar que neste momento o que está em julgamento é se há indícios suficientes para abrir uma ação penal. Haverá tempo longo de defesa durante todo o processo, após julgado o mérito. Não é hora, diz a PGR, de se aprofundar no mérito de cada acusação, mas nos ritos. nos indícios. Os envolvidos no processo argumentam também a nulidade da colaboração premida feita por Mauro Cid. O que já foi negado. De qualquer forma, a delação de Cid é um dos elementos da denúncia, mas não é o único. O certo é que esse debate vai dominar a semana.